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Precisa-se de pediatra: Médico chega a atender a 200 crianças em 12 h


11/07/2014
Jornal A Gazeta

Foto de internet

O jornal impresso A Gazeta, publicou uma matéria hoje (11) em que faz uma análise sobre a falta de médicos pediatras no estado.

Para o presidente do Simes e vice presidente da Fenam, Dr. Otto Baptista, a falta de médicos pediatras no estado depende da situação em se encontra as ferramentas de trabalho do médico. “ No momento existem vários fatores em que podemos falar a respeito da falta de médicos pediatras no estado. Um dos casos são as péssimas estruturas de trabalho, descaso do poder público, falta concursos públicos, salários defasados, e falta atendimento de qualidade, entre outros fatores. Nós não podemos deixar que o Ministério Público esqueça do médico do Espírito Santo. O Simes tem o compromisso de lutar por esse e outros direitos não só para os médicos pediatras, mas para todos os médicos do estado”, finaliza Baptista.


Confira a reportagem especial na íntegra:


Baixos salários e condições ruins de trabalho afastam profissionais

Quem busca atendimento pediátrico na Grande Vitória encontra uma dura realidade: demora no atendimento, muita reclamação e prontos-atendimentos lotados, onde um pediatra sozinho precisa atenderaté200pacientes, a cada 12 horas. Dois hospitais particulares suspenderam o pronto-atendimento infantil. A falta de pediatras é apontada como a principal justificativa desse cenário.

A dona de casa Alessandra Correia Pandolfi Lorenção, de 41 anos, está desapontada com a situação. Ela sempre buscou atendimento de urgência no Hospital Metropolitano, na Serra, para o filho Lorenzo, de um ano. Ele sofre com problemas respiratórios. Mas desde o dia primeiro deste mês a unidade não oferece mais o serviço. “Sinceramente, achei a suspensão um absurdo. Já temos uma carência muito grande e demora no atendimento na Serra. Agora, não sei onde buscar atendimento para o meu filho”, desabafa a dona de casa .

A suspensão ocorreu porque o hospital não suportava mais o volume de atendimentos, que chegava a 4.500 mensais, mil e quinhentos além da capacidade, segundo a assessoria do hospital. No mês passado, o Vila Velha Hospital também suspendeu o serviço alegando não conseguir completar o quadro de 24 pediatras. Ao todo, 769 pediatras atuam no Estado, conforme dados do CRM-ES.

Mas só na Grande Vitória são mais de 330 mil crianças e adolescentes com até 14anos.Em algumas cidades essa disparidade é ainda maior como em Viana, onde na rede municipal há cinco profissionais para mais de 14 mil pacientes.

E as notícias são desanimadoras. Segundo o secretário geral do CRM, Celso Murad, a tendência é a diminuição contínua do número de profissionais. “Há 10 anos, os pediatras representavam 16% do total de médicos no Estado, hoje não chega nem a10%”, afirma. O Sindicato dos Médicos (Simes) acrescenta que baixos salários e condições desumanas de trabalho, em que um pediatra precisa atender sozinho a 200 pacientes num único plantão, estão entre os principais fatores que afastam esses profissionais.


SETOR PÚBLICO

A falta de pediatras também é o principal argumento do poder público. Somando cinco municípios da Grande Vitória, apenas 361 profissionais trabalham na rede básica e nos prontos-atendimentos.“Oferecemos o segundo maior salário da Grande Vitória, podendo chegar a R$6.500 somando os benefícios, mas não conseguimos profissionais”, diz o secretário de Saúde deViana, Joilson Broedel .


No inverno, procura nos postos e nos hospitais aumenta mais


Crianças entre seis meses e três anos de idade são as que mais sofrem com as doenças da estação

A situação do atendimento pediátrico, que já é ruim, piora no inverno. Segundo pediatras, nesta época do ano a procura nos postos e hospitais aumenta em torno de 30%, em decorrência de doenças comuns da estação. Crianças entre seis meses e três anos de idade são as que mais sofrem.

Fatores como queda de temperatura, ar seco e tendência das pessoas a ficarem em ambientes mais fechados e aglomerações acabam provocando alterações nas defesas naturais do organismo, e o contágio pelas vias respiratórias fica mais fácil, de acordo com o pneumologista infantil e pediatra, Mario Tironi Junior.

Com isso, os pronto-atendimentos infantis, chegam a atender a 200 pacientes em um período de 12 horas, segundo o Sindicato dos Médicos do Espírito Santo(Simes), ficam lotados .

“É importante que os pais fiquem atentos aos sintomas e estágio das doenças de inverno para buscar atendimento no local mais apropriado. Muitas vezes o pronto-atendimento está lotado, mas o caso seria solucionado facilmente numa consulta médica”, pondera.

Sinusite, aumento das crises de asma e infecções das vias aéreas estão entre as doenças mais comuns nos meses mais frios. Os pais devem ter atenção especial à bronquiolite, que apesar de ser uma doença comum, caracterizada pelo inchaço e acúmulo de muco nas passagens aéreas pode evoluir para quadros mais graves. A doença é causada por vírus como o Sincicial Respiratório (VRS) e o Influenza.

Tironi explica que a doença acomete principalmente crianças entre seis meses e três anos de idade e afeta as vias respiratórias superiores, mas, com o avanço da infecção, pode afetar também as inferiores, causando doenças como bronquite ou pneumonia. Tosse, catarro no peito, chiado, respirações curtas e difíceis por mais de três dias podem indicar agravamento da doença. O pronto-atendimento deve ser procurado imediatamente.

As dicas para prevenir as doenças comuns desta época são a boa hidratação, leite materno como única alimentação até os seis meses de vida, alimentação balanceada com frutas, verduras e cereais integrais. Também é indicado evitar aglomerações e manter a casa bem arejada. Além disso, os adultos devem evitar fumar dentro de casa, pois a fumaça pode prejudicar a saúde das crianças.


Operadoras de planos de saúde podem ser multadas

De acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), as operadoras de planos de saúde devem garantir o que foi contratado pelo consumidor Caso não esteja conseguindo atendimento necessário, o beneficiário deve entrar em contato com a operadora para informar sua dificuldade e solicitar o protocolo do atendimento. Se a operadora não oferecer um prestador disponível dentro do prazo de sete dias úteis (quando se tratar de consulta com pediatra) o consumidor deve encaminhar o caso para a ANS e a operadora poderá ser multada de R$ 80 mil ate R$ 100 mil (nos casos de urgência e emergência)


Falta de pediatras é problema de gestão pública

Salários baixos, sobrecarga e péssimas condições de trabalho tanto na rede privada como na rede pública, estão entre os principais motivos para a falta de pediatras no mercado, segundo a categoria. Com isso, os profissionais têm migrado para outras especialidades, estagnando o número de pediatras para atender a uma população que cresce a cada ano.

“Não é que os médicos não querem trabalhar. Na rede pública, é o governo que se recusa a investirem Saúde. O que se paga a um profissional que investe dez anos em formação é uma vergonha:R$2.500”, pontua o secretário do Conselho Regional de Medicina no Estado (CRM-ES), Celso Murad.

Além dos baixos salários, o Sindicato dos Médicos(Simes) apontam como fatores que desestimulam o profissional a sobrecarga de trabalho, um pediatra atuando em plantões de 12 horas, onde três deveriam atuar no mínimo; a falta de ferramentas básicas de trabalho, como balança e até abaixadores de línguas, na rede municipal e leitos, na rede estadual; a falta de planos de carreira; além dos maus tratos e danos ao patrimônio pessoal por parte de pacientes e parentes.

Em relação à rede privada, Murad explica que a falta de investimentos decorre do interesse máximo por lucro das empresas, que pagam em torno de R$35,00 por consulta, sem remunerar por retorno, e pagam por produção. “Ou seja, o profissional tem que atender a um número exaustivo de pacientes para conseguir uma renda mínima digna”, pondera.

Ele explica que, desse modo, os médicos têm migrado para outras áreas e especialidades como gestão pública de saúde e medicina do trabalho. “Atraídos pelo salário muito superior e por cargas horárias mais flexíveis. E recém-formados têm se interessado cada vez menos em pediatria”, conclui.


VALOR BAIXO

R$ 35,00 (Valor consulta). Esse é o valor recebido pelos pediatras ligados aos planos de saúde


Falha é nos municípios, diz Estado

A deficiência no atendimento da rede municipal de saúde é, além da falta de pediatras no mercado, uma das principais justificativas para o grande volume de pacientes nos pronto-atendimentos dos hospitais da rede estadual, afirma a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa).

“Hoje, 60%dos atendimentos nos prontos-atendimentos do Hospital Infantil de Vitória e de Vila Velha são de solução ambulatorial, ou seja, poderiam ser resolvidos na rede básica de saúde”, declara o subsecretário de Estado para Assuntos de Gestão Hospitalar Fábio Benezath. Sobre a questão salarial, ele explica que na rede estadual os profissionais já iniciam hoje com salário de R$ 5.500 para 24 horas semanais, e que existe plano de carreira por tempo de serviço e por capacitação profissional. “O que significa que os profissionais estarão ganhando três vezes mais, próximo à aposentadoria”, ressalta o Benezath.

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), a rede pública estadual atualmente conta com cerca de 500 pediatras. No ano passado, foi realizado o maior concurso público da história, que ofereceu mais de 2 mil vagas, sendo 65 para pediatras. Destes, 53 profissionais já foram nomeados e o restante será chamado até o próximo mês.