SIMES | Notícia
Simes

Notícias

Espera de 100 horas por vaga na Grande Vitória


30/08/2012
Jornal A Tribuna   |   Luisa Torre

Uma aposentada teve de esperar100 horas por umavaga de internação na enfermariade um hospital da GrandeVitória. Maria Zilda Magalhães,de 74 anos, deu entrada da UPA deCarapina, na Serra, no início datarde da última sexta-feira compneumonia e só conseguiu a vagaàs 18 horas de ontem, após a presençada reportagem de A Tribunano local.

A aposentada também tem diabetes,hipertensão, osteoporose eMal de Alzheimer e estava internadana UPA recebendo medicamentos,insulina e nebulização.Mas, de acordo com seu filho, o estoquistaDenilson Magalhães Gomes,46, ela não estava respondendobem à medicação e precisava demais exames e cuidado em um localmais estruturado, como umhospital. Segundo ele, assim queela deu entrada na UPA e sua situaçãochecada pelos médicos, elafoi inscrita na lista de espera poruma vaga de enfermaria.

No entanto, ela só conseguiutransferência para um hospitalparticular na Praia do Canto, emVitória, ontem.“Minha mãe está bem agora,mas não sei se o estado dela podese agravar. Se ela piorar, não sei oque pode acontecer”, lamentouDenilson.

Ele afirmou que, caso a mãe piore,ele tem medo de precisar deuma remoção de urgência e nãoencontrar vaga. “E se ela precisarde uma ressonância? Aqui nãotem. Seu estado pode se agravar eela não ter suporte. O Estado nãofala nada para a gente”, disse ele,revoltado.

Segundo ele, os dois são do Cearáe vivem na Serra. “Me sinto desamparadopelo governo. O médicojá disse que ela precisa sertransferida para ficar internada emum hospital, mas não há vagas”.

Ele contou que a situação nãoafeta apenas a sua família. Denilsonafirmou que ontem havia maisquatro pacientes na mesma situaçãode sua mãe, aguardando transferência.“Às vezes, um médicovem perto da gente e diz: 'ainda estamosesperando uma vaga'. O diretorda UPA já veio falar com agente que liga o tempo todo para acentral para ver o nosso leito”.

No início da noite de ontem,Maria Zilda conseguiu uma vagaem um hospital particular da capital,comprada pelo Estado. Ela saiuda UPA às 21 horas. “Espero queela continue o tratamento e melhore ”, disse Denilson.

Demora aumenta risco, diz médico

A demora para conseguir umavaga em enfermaria ou UTI podeaumentar o risco de infecções e atéde morte. Foi o que afirmou o presidentedo Sindicato dos Médicosdo Estado (Simes) e vice-presidenteda Federação Nacional dosMédicos (Fenam), Otto Baptista.Segundo ele, um paciente politraumatizadotem risco de complicações,hemorragia e até infecção.“A vida fica comprometida. Háexemplos materias de pacientesque morreram nessa situação”.

Segundo ele, o governo precisa émudar a fórmula, pois não estáfuncionando. “Há um hospitaldentro da capital que está ocioso, oHospital Central, só recebe pacientesselecionados. Provoco oMinistério Público e o Tribunal deJustiça a observarem porque asobras do novo Dório Silva e novoSão Lucas demoram tanto e gastamtanto”. Ele também cobrauma data para inauguração.Ele afirmou que na situação emque a saúde está, é preciso improvisar.“Melhor improvisar inaugurandopartes do hospitais novos doque deixar os capixabas morrendono corredor”.

No entanto, segundo o subsecretáriode Estado da Saúde, GeraldoQueiroz, não há módulos prontoso suficiente para inaugurar os novoshospitais e dar assistência necessáriaaos pacientes.