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UTI pediátrica: vaga decidida na sorte
25/07/2012
A Gazeta | Comunicação Simes
Como faltam leitos para todos, médicos têm que fazer escolha
Ter que escolher entre crianças com estado de saúde igualmente grave aquela que terá a chance de receber um tratamento adequado em uma Unidade de Tratamento Intensivo Pediátrica (Utip). Essa é a realidade vivida por médicos que trabalham nos hospitais infantis de Vitória e Vila Velha, onde há, respectivamente, apenas seis e três leitos de Utip. Um número insuficiente para atender a uma demanda que não para de crescer, principalmente no inverno.
Em todo o Estado, a rede pública conta com apenas 20 leitos de Utip, e mais 116 leitos de UTI Neonatal (Utin), voltados para recém-nascidos. Além desses, o governo estadual compra dos hospitais particulares cerca de 24 leitos amais de Utip e 77 de Utin, segundo dados do ano passado. Um custo que chega a R$ 639mil e, ainda assim, não resolve o problema.
O presidente do Sindicato dos Médicos do Estado (Simes), Otto Baptista, explica que a situação não é recente. Não é raro crianças em estado grave terem que aguardar a abertura de umava ga, por dias, na sala de emergência do Infantil de Vitória.Os médicos levam os aparelhos para lá, fazem o que é possível, mas isso está longe do ideal. Quando abre uma vaga, é preciso escolher quem está pior, diz ele.
MAIS 12 LEITOS
No inverno, o aumento dos casos de doenças respiratórias torna ainda mais difícil a busca por uma vaga. Para amenizar essa situação, segundoOtto Baptista, seria necessária a abertura de mais 50 leitos de Utip no Estado.
A previsão da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), porém, é de que apenas 12 novos leitos sejam abertos. Eles ficarão, todos, no novo Hospital Infantil, cuja obra vai começar no próximo ano e tem previsão de duração de três anos.
O secretário de Saúde, Tadeu Marino, justifica que a demanda maior é por leitos de Utin e que, portanto, oinvestimento se concentra nessa área. Até o final deste ano, o Himaba (em Vila Velha) vai recebermais 25leitos de Utin, dobrando a sua capacidade. Também queremos implantar lá uma UTI materna, aumentando os cuidados para as mães, explicou.
Ao todo, 54 novos leitos de Utin devem ser criados nos próximos anos, com a abertura do novo Hospital Infantil de Vitória, do novo Hospital Dório Silva, na Serra, e com os leitos já previstos no Himaba, de Vila Velha. Vamos reduzir em muito a compra de leitos particulares e dar mais condições de atendimento à população, promete Marino.
Enquanto isso, Hucam tem dez leitos inativos desde 2004
Enquanto faltam vagas de UTI pediátrica (Utip) nos hospitais da rede do Estado, o Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam) aguarda desde 2004 pela instalação de 10 leitos que poderiam aumentar em 50% a capacidade atual da rede pública para atendimento de crianças.
A sala onde deverá funcionar a Utip está pronta, mas o funcionamento depende da compra de equipamentos e da contratação de novos médicos e enfermeiros.
Para resolver a situação, o governo do Estado e o Hucam mantido com recursos federais devem assinar,atéo final deste semestre, um convênio por meio do qual o governo irá repassar cerca de R$ 1 milhão para compra de equipamentos, como camas, respiradores e monitores.
Caberá ao Hucam fazer a licitação, comprar os equipamentos e disponibilizar os recursos humanos. Segundo o diretor do hospital, Emílio Mameri, a contratação de médicos e enfermeiros deverá ocorrer por meio da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) estatal criada pelo governo federal para gerir os hospitais universitários. Esperamos que isso aconteça já no início do próximo ano, diz ele.
Os 10 novos leitos serão disponibilizados para toda a rede pública.O governo vai investir, também, mais R$ 2 milhões na construção de um espaço para criação de 20 novos leitos de UTI para adultos no Hucam.