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Médicos do Hospital Infantil querem guarda armada e ameaçam paralisar atividades


27/08/2013
Jorna A Gazeta   |   Elton Lírio

Médicos que trabalham na rede pública do Estado querem mais segurança. A reivindicação é que o serviço seja feito por guardas armados e não por seguranças patrimoniais, como normalmente ocorre. Na madrugada de domingo, integrantes de uma gangue invadiram o Hospital Infantil para tentar assassinar um jovem que havia dado entrada no hospital depois de ter sido baleado. Insatisfeito com a situação, o Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes) não descarta nem mesmo uma paralisação no local.


Segundo o presidente do sindicato, Otto Baptista, caso haja a resistência em implantar uma guarda armada ou em posicionar uma viatura da polícia na porta do Hospital Infantil, os profissionais farão uma assembleia, em que se poderá decidir sobre uma paralisação. “O fundo do hospital é extremamente vulnerável, o que facilita a entrada de meliantes. Sem uma providência, os médicos do hospital podem, sim, parar”, frisou.

Baptista argumenta que apenas a segurança patrimonial nos hospitais não é o suficiente, já que há um número considerável de pacientes que são vítimas de violência. Ele afirma que cabe à recepção do hospital informar ao Centro Integrado Operacional de Defesa Social (Ciodes) sobre a chegada de alguém vítima de algum tipo de crime. “No entanto, na maioria das vezes, quem acaba fazendo isso é o próprio médico no atendimento”, revelou.

Denúncia


Advogado da entidade, Luiz Télvio Valim afirmou que será feita denúncia ao Ministério Público Estadual. O Simes também quer uma audiência com o secretário de Estado de Saúde para aumentar a segurança pessoal nessas unidades. “O segurança patrimonial não está apto a proteger a vida de ninguém, mas o patrimônio’, disse.

O presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), Aloísio Faria de Souza, analisa a questão da segurança pessoal como uma “deficiência crônica” de várias unidades de saúde pública da Grande Vitória. “É uma situação crônica, que afeta não só a médicos, mas também a pacientes e acompanhantes”, alerta, destacando que o conselho já até pediu a “interdição ética” de uma unidade por falta de segurança.

Secretário aponta falha


O secretário estadual de Segurança, André Garcia, não acredita ser necessária uma abordagem especial nos hospitais. “Esse é um caso específico (a invasão no Hospital Infantil), em que a falha se deu ao não acionarem a Polícia Militar, como é feito nessas ocorrências”, diz o secretário.

Violência motiva 30% das desistências


Entre os médicos que pedem para sair do serviço público, 30% tomam essa decisão porque não se sentem seguros no trabalho. A afirmação é do presidente do Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes), Otto Baptista. Segundo ele, esse dado está relacionado não só à violência física, mas a agressões verbais sofridas pelos profissionais.

“Há uma sobrecarga muito grande. Médicos com mais de 15 anos de serviço têm pedido para sair”, acrescentou.

O presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), Aloísio Faria de Souza, disse que há lugares onde os médicos têm resistência a trabalhar, especialmente durante a noite. Como exemplos, ele cita a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Carapina e o Pronto-Atendimento de São Pedro. A primeira teve uma “interdição ética” pedida pelo conselho no final do ano passado.

A Secretaria de Saúde do município informou que as unidades de saúde contam com segurança patrimonial. Além disso, a UPA 24h de Carapina conta com videomonitoramento, e há um projeto para ampliar esse serviço para todas as unidades.

Sobre o Pronto-Atendimento de São Pedro, a assessoria de comunicação da Secretaria de Saúde de Vitória afirma que a unidade está com o quadro completo, e não há falta de médicos. O local conta com segurança patrimonial, assim como todas as unidades de saúde do município.

Criminosos que atiraram dentro do Infantil continuam foragidos


A polícia continua tentando localizar os autores do tiroteio ocorrido na madrugada do último domingo, dentro do Hospital Infantil de Vitória.

Algumas pessoas já foram identificadas, mas nenhum suspeito foi preso. O adolescente de 16 anos que seria alvo dos atiradores continua internado. Ele chegou a ser transferido de local, mas a polícia não vai informar para onde ele foi levado por motivos de segurança.

Segundo a Polícia Civil, os bandidos chegaram ao hospital por volta das 4h30, em um Palio branco. Um deles chutou a porta e, com a arma na mão, já entrou no local atirando.

O garoto procurado pelos criminosos foi baleado com quatro tiros, horas antes, no Morro do Quadro, em Vitória, durante uma briga entre gangues rivais de traficantes.

O hospital estava lotado. Houve pânico e correria. A mãe de uma menina de 7 anos de idade tirou a filha do soro e correu com ela nos braços para se esconder no banheiro. O pai de um adolescente de 14 anos também se desesperou: ele colocou as mãos no peito do menino na tentativa de protegê-lo. Por sorte, ninguém ficou ferido.

Devido ao estresse, uma criança que já estava prestes a receber alta precisou ser entubada novamente. Antes de ir embora, o criminoso pediu desculpas aos pacientes e seus acompanhantes.

Outro lado  


Direção diz que foi fato isolado

O diretor-geral do Hospital Estadual Infantil de Vitória, Nélio dos Santos, informou, em nota, que foi feita reunião com os funcionários da empresa de vigilância terceirizada e que medidas estão sendo estudadas para garantir a segurança dos pacientes, acompanhantes e servidores nas dependências do hospital. Em todos os casos de atendimentos às vítimas de acidente de trânsito, atropelamento, arma de fogo, arma branca, por exemplo, o setor de Assistência Social coleta os dados do paciente e entra em contato com o Ciodes. O diretor reitera que se tratou de um fato isolado.