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Paralisação de médicos legistas termina em Vitória, diz sindicato


27/03/2014
G1

O portal G1 ES publicou nesta quinta dia 27 de março, uma matéria sobre a paralisação do DML Vitória . A matéria foi produzida após decidirem pelo fim da paralisação dos serviços que já durava dois dias. De acordo com o advogado do sindicato, Télvio Valim, a negociação aconteceu durante reunião com o secretário de Saúde do estado, Tadeu Marino.Leia abaixo a reportagem publicada G1 na íntegra .

“Os médicos legistas do Departamento Médico Legal (DML) de Vitória decidiram, nesta quinta-feira (27), pelo fim da paralisação dos serviços que já durava dois dias. De acordo com o advogado do sindicato, Télvio Valim, a negociação aconteceu durante reunião com o secretário de Saúde do estado, Tadeu Marino.

Os serviços no DML serão retomados, mas a normalização só deve acontecer nos próximos dias, devido a quantidade de corpos a serem liberados. Ainda não há informações sobre a proposta feita pelo governo que foi aceita pelo sindicato.
Paralisação
Os médicos legistas do DML de Vitória decidiram fazer a paralisação na noite desta segunda-feira (24). Eles reivindicavam melhores condições de trabalho e salário igual ao dos médicos da Secretaria de Saúde do estado (Sesa), pois alegam que o pagamento é o pior do país para a categoria. Atualmente, a categoria recebe R$ 4.200,00 e almeja a remuneração de R$ 6.500,00, que é o salário dos médicos da Sesa. Ambos trabalham 20 horas semanais.
A interrupção dos serviços gerou transtornos no DML, por parte das famílias que aguardavam liberação de corpos. Algumas pessoas esperaram mais de 40 horas por uma resposta sobre o serviço, que precisou a ser feito por médicos do Hospital da Polícia Militar (HPM), nesta quarta-feira (26), por ordens do governo.

Além de reivindicar melhores salários, os médicos legistas lutavam pela contratação de mais profissionais e melhorias na estrutura física e nas condições de atendimento à população. Nesta quinta-feira (27), o governo anunciou a que vai dar posse a 25 candidatos nomeados para o cargo. O comunicado já foi publicado no Suplemento do Diário Oficial. O presidente do Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes), Otto Baptista, disse que esta decisão é uma vitória do movimento.
Exumação
O médico Otto Baptista, presidente do Sindicato dos Médicos do Espírito santo (Simes), explicou que os médicos que não são legistas e analisaram os corpos, podendo assim serem emitidos certificados de óbito, não têm formação para realizarem os serviços. Dessa forma, uma nova verificação precisará ser feita com o fim da paralisação.

"O que o governo não tem passado para as famílias é que daqui uns dois ou três meses, elas terão a notícia de que os corpos dos parentes serão exumados. Os laudos que esses médicos emitirem não serão válidos. O governo quer atender a população, mas na verdade estão liberando um serviço que não é certo", informou Otto Baptista, em entrevista nesta quarta-feira.
Já o delegado Joel Lyrio esclareceu, no mesmo dia, que essa medida foi possível por ser de caráter emergencial. "O Sindicato dos Médicos não tem propriedade para falar sobre esse assunto. O DML está aberto há 25 anos e nunca tivemos a visita do sindicato. Além disso, eles não conhecem o Código de Processo Penal. Outros médicos podem fazer o serviço em situação emergencial, não sócom relação a médico legista. O Código diz que qualquer profissional com formação técnica, havendo uma situação de exceção como essa, poderá fazer os exames necessários", falou.

Denúncias

O Sindicato dos Médicos do estado ainda fez várias denúncias sobre a estrutura do DML da capital. Vídeos feitos pelo Sindicato dos Médicos mostram a situação das salas do DML. Segundo o Otto Batista, parte dos azulejos estão caindo, água da geladeira onde os corpos ficam armazenados escorre pelo chão e por todo lado é possível ver muita sujeira e restos de materiais. Assista ao vídeo.
Além desses problemas, dezenas de ossadas estão guardadas em sacos pretos em uma sala desde 2007, e tudo está entulhado. Um equipamento de Raio-X, que segundo o sindicato custa mais de R$ 300 mil, nunca foi usado e está parado virando sucata.

O presidente do Sindicato dos Médicos disse que o departamento está abandonado e qualquer um pode ter acesso a qualquer sala. “Se alguém entrar pode subtrair crânios ou peças biológicas em uma sala que fica perto de uma área de grande circulação de pessoas. Se isso acontecer pode prejudicar a prova de um processo. Sem contar que, onde são conservados os corpos escorre um líquido que tem que provar se são secreções dos cadáveres ou vazamento da refrigeração. As geladeiras não estão funcionando adequadamente para conservar esses corpos”, disse Otto.
O responsável pela administração da Polícia Civil do Espírito Santo, delegado Paulo César, disse que as ossadas guardadas nas sacolas plásticas já foram periciadas e catalogadas e deu explicações para outros problemas citados. “Aquelas ossadas não foram sepultadas por falta de vagas. As geladeiras estão funcionando adequadamente e aquela água não é de corpo é da própria refrigeração que vai para um dreno e para uma canaleta. O governo trabalha com projetos de reforma, mas os processos andam no tempo do estado”, disse Otto Batista”.