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Investimento na área da Saúde em Cariacica é o menor do Estado


07/08/2013
Comunicação Simes com informações A Gazeta

Cariacica foi o município que menos gastou com Saúde em 2012. A despesa foi de R$ 208,15 por habitante. Considerando o gasto diário, o valor chega a apenas R$ 0,57 por morador. O total investido no ano chegou a R$ 73,3 milhões.

Os dados são do anuário Finanças dos Municípios Capixabas. O gasto médio das cidades nesse setor foi de R$ 456,56 por habitante. Os recursos municipais são responsáveis por financiar, por exemplo, as unidades de saúde, o Programa Saúde da Família e outros atendimentos da rede de atenção básica.

Anchieta foi o município que apresentou a maior despesa por habitante em 2012: R$ 1.862,74. De modo geral, os investimentos nessa área cresceram 11,9%, totalizando R$ 1,46 bilhão. Considerando os valores totais, Vitória apresentou a maior despesa, com um gasto de R$ 252,5 milhões, seguida de Serra (R$ 170,6 milhões) e de Vila Velha (R$ 114,6 milhões).

A economista e editora do anuário, Tânia Villela, afirma que a disparidade entre os municípios ocorre devido à receita per capita de cada um. Se uma cidade a receita é menor, consequentemente, terá menos para destinar à Saúde e às outras áreas.

“Esse é o caso de Cariacica, cuja receita é muito baixa. A maioria da população também é de baixa renda. Assim, a demanda pelos serviços públicos é muito grande. A necessidade de escolas e Sistema Único de Saúde (SUS) é maior que em Vitória, por exemplo”, explica.

Já Anchieta e Presidente Kennedy, no Litoral Sul – que mais gastaram com Saúde por habitante –, contam com alta arrecadação e menos moradores do que a Região Metropolitana. “Além dos royalties, Anchieta teve uma boa arrecadação de ICMS, em função das mineradoras instaladas no município”, afirma a economista.

Abaixo do mínimo

Apenas a cidade de Baixo Guandu aplicou recursos abaixo do mínimo exigido pela legislação: um total de 14,9%. Todos os outros investiram mais do que os 15% do total do que arrecadam com impostos – conforme determina a lei. A média dos municípios foi de 19,6%.

“Esse percentual demonstra a prioridade que os municípios dão para a Saúde. Linhares foi o que mais destinou recursos, chegando a 34,8%. Mas tudo depende da carência da população. Em Muqui, foram aplicados 29,6% da receita, mas pode ser que esse percentual seja pouco, se a carência for muito grande”, pondera.

Para o presidente do Sindicato dos Médicos do Espírito Santo e vice presidente da Federação Nacional dos Médicos, Dr. Otto Baptista, os números refletem uma crítica que já vem sendo feito pela entidade sindical quando ao baixo investimento na saúde. “A saúde não é vista como prioridade pelas administrações públicas em nenhum nível. No âmbito municipal, que oferece a atenção básica, isso fica ainda mais evidente e é uma das causas do caos instalado. Fica claro que não adianta encher de médicos se não há a investimento na infraestrutura”.

Quase dez horas de espera para atendimento

A dona de casa Maria Zanoni, de 68 anos, precisou esperar mais de nove horas para ser atendida no Pronto Atendimento de Itacibá, Cariacica, há cerca de 20 dias. Ontem, por pouco mais de uma hora, ela teve que aguardar, do lado de fora, da mesma unidade, o atendimento de sua neta.

“Na minha vez, cheguei aqui às 10h e só fui ver o médico às 19h”, lembrou. Ela disse que, na época, estava com uma crise de sinusite e havia muita gente buscando uma vaga para atendimento.

Diante do tempo que já teve de esperar, ela qualificou o tratamento oferecido à sua neta, que demorou pouco mais de uma hora, como rápido. A jovem estava com dor em um dos rins e precisou receber soro. Maria conta que teve de ir ao Pronto-Atendimento, já que na unidade de saúde de seu bairro ela só conseguiria ser atendida à tarde.

A dona de casa acredita que o serviço de saúde na cidade precisa ser melhorado com urgência. “Precisamos de mais médicos, não só aqui, mas em outros lugares também de Cariacica também”.

Prefeitura promete mais médicos e postos de atendimento

O secretário municipal de Saúde de Cariacica, Nilson Mesquita, diz que novos recursos da União serão destinados para a construção de duas unidades de saúde e para a reforma em outras seis. A previsão é de que as obras sejam concluídas em 2014.

“Garantimos recursos em Brasília no mês de fevereiro. Uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) será levantada em Fexal 2, que é uma área muito carente. Também vamos construir uma unidade básica em Vila Graúna”, promete Mesquita.

Ele afirma que a situação do município também deve melhorar com a inauguração do Pronto-Atendimento (PA) de Alto Laje, prevista para outubro deste ano.

Outra deficiência do município está ligada ao baixo número de médicos. Atualmente, Cariacica conta com um quadro de 322 profissionais. São necessários mais 700 médicos para que a cidade possa se equiparar à média nacional de profissionais por mil habitantes.

“A prefeitura vai enviar um projeto para a Câmara de Vereadores para que seja autorizada a contratar mais médicos. O objetivo é que o quadro seja ampliado para até 400 profissionais”, afirma o secretário.

Apesar da pequena receita, as despesas da saúde cresceram 15,1% em Cariacica, chegando a R$ 73,3 milhões no ano passado.

De olho nos investimentos

Os que mais aumentaram em termos relativos:

1º) Divino São Lorenço: 42,4,%
2º) Itapemirim: 41,9%
3º) Anchieta: 41,3%
4º) Itarana: 38,2%
5º) Marataízes: 31,2%

Os que mais reduziram:

1º) Presidente Kennnedy: 32,9%
2º) São José do Calçado: 17,9%
3º) Ecoporanga : 9,3%
4º) Alegre: 8,1%
5º) Alfredo Chaves : 7%

Os gastos por habitante no ano passado

1º)Anchieta: R$ 1,862,74
2º) Presidente Kennnedy: R$ 1.245,32
3º)Mucurici: R$ 869,76
4º) Santa Teresa: R$ 782,55
5º) Linhares : R$ 770,30

Recursos

Em média, os municípios investem 19,6% do orçamento em Saúde. Por lei, são obrigados a gastar pelo menos 15%

Os que mais destinaram:

1º) Linhares: 34,8%
2º) Rio Bananal: 29,9%
3º) Fundão: 29,7%
4º) Muqui: 29,6%
5º) João Neiva: 28,8%

Os que menos destinaram (por habitante/ano):

1º) São Mateus: R$ 321,75
2º) Viana: R$ 320,78
3º) Vila Velha: R$ 269,86
4º) Cachoeiro de Itapemirim: R$ 253,35
5º) Cariacica: R$ 208,15

FONTE: Anuário Finanças dos Municípios Capixabas