SIMES | Notícia
Simes

Notícias

Fiscalização flagra irregularidades no Hospital São Lucas em Vitória


30/07/2013
G1 ES   |   Álvaro Zanotti e Juliana Borges

Unidade está superlotada e com baixas condições de higiene.Inspeção faz parte do movimento de médicos, que paralisam atividades.

Uma inspeção “surpresa” realizada por médicos apontou irregularidades no Hospital São Lucas, em Vitória, na manhã desta terça-feira (30). A ação faz parte do movimento iniciado por membros do Sindicato de Médicos do estado (Simes), que paralisam as atividades nesta terça e quarta-feira (31), sendo feitos apenas atendimento de urgência e emergência. Além do Simes, a visita também contou com a participação do Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES). Em seguida, a verificação também foi feita o Hospital Antônio Bezerra de Faria, em Vila Velha.

De acordo com o Sindicato dos Médicos, a decisão pela paralisação de dois dias é nacional e foi tomada com objetivo de lutar por melhorias na categoria e também por direitos de estudantes de medicina. Os atendimentos voltam a normalidade nesta quinta-feira (1).

Nas imagens registradas pelo doutor Oswaldo Pavan, vice-presidente do CRM, é possível ver pacientes internados sendo atendidos no corredor - o que indica superlotação - chuveiro com os fios expostos, banheiro sujo e comida misturada a material hospitalar. Uma enfermeira, que preferiu não ser identificada, relatou a situação que passam os idosos. “É só sofrimento nesse lugar. O chuveiro não esquenta de jeito nenhum e as pessoas idosas têm que tomar banho gelado no tempo frio. Isso é horrível. Outro dia vi uma senhora tremendo, com frio, debaixo do chuveiro”, reclamou.

Outra enfermeira, que também não quis revelar o nome, explicou que a Vigilância Sanitária ainda não visitou o hospital neste ano. “A sala em que devemos fazer o banho de leito nos pacientes que estão acamados também não tem as mínimas condições. A sala reservada para isso não é um local adequado para esse tipo de procedimento”, disse.

O presidente do CRM, Aloísio Faria, frisou a diferença com gastos para a saúde e com infraestrutura para a preparação do país para a próxima Copa do Mundo. “Já denunciamos isso ao governo do estado até para a presidência da república. Há cinco anos o Hospital São Lucas está para ser reformado, mas a situação não mudou. Você vê pelo Brasil esses estádios maravilhosos que foram construídos e na saúde nada muda”, disse.

O presidente do Simes, doutor Otto Baptista, defendeu que o problema do Espírito santo não é a falta de médicos, já que 500 profissionais são formados por ano no estado, mas a falta de infraestrutura nos hospitais e demais unidades de saúde. “Podem falar que não tem médicos no interior, em lugares mais afastados, mas na verdade o que falta é infraestrutura, condições para trabalhar”, explicou o médico.

Secretaria de Saúde

Diante das reclamações de médicos e da estrutura do Hospital São Lucas, o secretário de Estado da Saúde, doutor Tadeu Marino, explicou que a reforma da unidade e a construção do novo hospital devem ficar prontos em outubro deste ano e entregues em janeiro de 2014. Quanto à superlotação, ele falou que há carência de leitos no estado. “Atualmente, o Espírito Santo tem a carência de 4 mil leitos nos hospitais. Nesses primeiros dois anos de governo, já abrimos 550 leitos e vamos abrir mais 560 até o fim desse ano, para diminuir essa ausência”, explicou.

Sobre a informação passada pelo Simes, de que o problema do estado não é a falta de médicos, mas sim a falta de infraestrutura nas unidades de saúde, Marino explicou que na verdade há uma concentração de profissionais em algumas cidades e a falta em outras. “Há muitos médicos trabalhando em cidades da região Metropolitana, mas há ausência no interior. O estado não tem uma média de médicos ideal”, disse.