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Mais de mil pessoas em protesto por saúde e melhores condições de trabalho e pelo Revalida


04/07/2013
Comunicação Simes

Na noite desta quarta-feira (03/07) o Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes), o Conselho Regional de Medicina (CRM-ES), a Associação Médica do Espírito Santo (Ames), médicos e acadêmicos de medicina ganharam as ruas de Vitória protestando por mais investimentos na saúde, melhores condições de trabalho e contra a importação de médicos estrangeiros sem a revalidação do diploma, o Revalida.

O protesto, que começou em frente a sede do Conselho na capital, com cerca de 400 pessoas, chegou à Assembleia Legislativa do Espírito Santo (ALES) com aproximadamente de 1.500 pessoas, pedindo dignidade para médicos e pacientes, plano de carreira para os profissionais da saúde, menos corrupção e o compromisso público dos políticos de se utilizarem do serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). Durante o trajeto, o trânsito da capital foi parcialmente interrompido e os manifestantes se sentaram no chão em frente à Secretaria Estadual de Saúde.

O dia foi marcado por atividades e mobilizações da classe médica em todo o país. No Espírito Santo, as três entidades médicas juntamente com os acadêmicos de medicina fizeram uma fiscalização no Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (Hucam) pela manhã. A tarde, os representantes do CRM, Simes e Ames concederam entrevista coletiva à imprensa, onde falaram sobre as medidas da categoria quanto ao caos instalado na saúde pública e quanto ao anúncio da presidente Dilma Roussef de trazer médicos formados no exterior, sem o exame de proeficiência técnica, o Revalida. 

"Todos os países tem normas para que o médico exerça sua profissão. Precisam provar sua capacidade técnica e conhecimento do idioma. A decisão da presidente Dilma passa por cima da lei brasileira e o Conselho não vai conceder o registro de médicos que não passarem pelo Revalida", disse o presidente do CRM, Dr. Aloízio Faria. Ele complementou que a presidente quer tirar o foco do real problema da saúde, que é a má gestão. 

O presidente do Simes e vice-presidente da Fenam, Dr. Otto Baptista reafirmou que não faltam médicos no país, já que estes são cerca de 400 mil e todos os anos 17 mil médicos se formam. Apenas no Espírito Santo, são 500 novos profissionais todos os anos. Para ele, o anúncio a presidente Dilma é uma tentativa de desviar o foco da questão central e colocar o médico como o responsável pelo caos da saúde. "Por várias gestões, em todos os níveis, há descaso com a população. O comportamento pacífico do povo fez com que a situação se arrastasse por todos estes anos. Mas a realidade é que 99% dos hospitais estão sucateados e as unidades básicas de saúde são improvisadas e falta tudo, até medicamentos", disse. 

O Simes já fez inúmeras denúncias nas três esferas do poder sobre a questão da saúde no Espírito Santo. Recentemente entregou um levantamento documental com o registro das denúncias de 2007 a 2012 à Corte Interamericana de Direitos Humanos e a próxima ação será ir à Washington, nos Estados Unidos, comunicar o que tem ocorrido nos hospitais do Espírito Santo à Organização das Nações Unidas (ONU) e à Organização dos Estados Americanos (OEA).

O diretor da Ames, Dr. Gustavo Picallo, lançou o desafio aos gestores públicos de se utilizarem do SUS, caso os médicos estrangeiros sejam autorizados a trabalhar no Brasil sem que passem pelo Revalida. "Os políticos devem se colocar na mesma condição da população e devem assumir o compromisso de se tratar e à sua família com médicos sem a qualidade técnica certificada", disse. Alertou ainda que esta pode ser a primeira etapa de um processo onde serão importados também outros profissionais da equipe de saúde. "Agora são os médicos, depois podem ser os enfermeiros ou outros membros da equipe multidisciplinar. Não se faz medicina só com estetoscópio. É como contratar cozinheiros para solucionar o problema da fome", comparou.


O presidente da Ames, Dr. Carlos Magno Dalapicola, defendeu que a celeuma criada em torno da falta de médicos não é de agora. Ele acredita que se os médicos estrangeiros mostrarem sua habilidade e capacidade, não são as entidades médicas que vão impedi-los de trabalhar. "Nos rincões do Brasil, um atendimento não resolutivo pode comprometer ainda mais a saúde do paciente. Se os médicos estrangeiros passarem pelo Revalida, poderão atuar onde quiserem, inclusive nos grandes centros", frisou.

O representante do Conselho Federal de Medicina no Espírito Santo (CFM), Dr. Celso Murad disse que o governo federal quer resolver problemas sérios com medidas demagógicas. “O governo cria uma cortina de fumaça em cima de um problema que ele não tem vontade política de resolver, que é o investimento em saúde”, disse.


Caso a presidente Dilma insista na importação de médicos sem a revalidação do diploma, CRM, Simes e Ames vão fazer uma representação junto ao Supremo Tribunal Federal, solicitando um mandado de segurança, para impedir a contratação fora do que a lei determina.