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Briga no posto acaba na delegacia


01/07/2014
Jornal A Tribuna

Foto da Internet.


Uma confusão entre uma médica e uma paciente dentro da Unidade de Saúde do bairro Andorinhas, em Vitória, acabou na delegacia ontem. Por causa da briga, a unidade foi fechada e quem aguardava por atendimento teve de procurar socorro em outro lugar.
A discussão teria começado após a dona de casa Olívia Ladi do Nascimento Santos, 35, pedir à médica Soraya da Silva Carvalho para trocar a receita da medicação que um psiquiatra havia lhe passado. Olívia queria uma receita sem data para que não perdesse a validade.“Ela entrou no consultório pedindo para eu trocar a receita para adquirir o remédio pelo SUS. Preenchi a receita com data, mas ela não aceitou e puxou da minha mão. Como tentei impedir, me arranhou no queixo. Gritei por socorro e os funcionários da unidade acionaram a polícia”, afirmou a médica. No entanto, a paciente alega que ela é quem foi vítima de agressão e acionou a polícia, pois alguns profissionais da unidade de saúde entraram na sala e ela ficou com medo.

“Minha consulta estava marcada para as 9h30 e às 9h46, como está registrado no meu celular, liguei para a polícia avisando o que estava acontecendo”, disse Olívia.
Segundo ela, a médica a teria agredido primeiro. “Ela quis datar a receita, mas não aceitei. Então me mandou sair do consultório e, como não quis, começou a me insultar.”Olívia afirmou que pediu à médica para chamar a coordenadora da unidade. “Ela disse que não e saiu da sala dizendo que quando voltasse não era para eu estar lá.
Ainda mandou um beijinho no ombro. Assim que saiu, peguei a receita. Ao vê-la na minha mão, a médica jogou a chave do consultório e acertou minha testa.

A paciente e a médica foram encaminhadas para o DPJ de Vitória. A Polícia Civil informou que Olívia foi autuada por desacato e agressão a funcionário público no exercício de sua função, assinou termo um circunstanciado e foi liberada. Como ambas disseram ter sido vítimas de agressão, as duas foram encaminhadas para fazer exame e corpo de delito no DML. A prefeitura não informou porquanto tempo a unidade de saúde ficou fechada, apenas que o funcionamento foi normalizado à tarde


Pedidos de demissão por medo


A violência contra médicos, principalmente os que atendem em postos de saúde, tem aumento, segundo o Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes). Com medo, profissionais estão pedindo demissão de unidades de saúde e prontos-socorros.
“Os médicos sofrem ameaças de morte e agressões em algumas regiões da Grande Vitória. Infelizmente, o usuário não respeita o trabalho do médico, que sofre violência de todas as formas, tanto psicológica quanto física”, disse o presidente do Simes, Otto Baptista.
O médico lembrou ainda que, na maioria das vezes, as agressões acontecem em lugares de atendimento de urgência e emergência.
“É um lugar onde, geralmente, o médico já está sobrecarregado com o trabalho, que nunca é pouco, e ainda tem de enfrentar as ameaças do paciente. O médico está desanimado por causa da remuneração, que não vale o risco que corre nesses lugares”, afirmou.
De acordo com o secretário geral do Conselho Regional de Medicina, Celso Murad, o usuário tem de perceber que esse tipo de atitude violenta só prejudica o atendimento do próprio paciente.
“Essa violência vem aumentando tanto que pode começar a prejudicar o atendimento. Há um tempo esse tipo de caso era pontual.
Hoje, parece que temos uma ocorrência por dia, disse. Murad frisou que, enquanto a sociedade não começar a se responsabilizar e os gestores a punir, casos de violência contra médicos vão continuar ocorrendo. “Em alguns lugares já não há médicos que querem atender por medo. E quem sai prejudicada é a sociedade.”