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Médicos Legistas do ES inicia paralisação no próximo domingo


12/03/2014
Leiase /SIMES

O jornal online Leiase publicou nesta quarta-feira (12),sobre o movimento silencioso, que promete causar transtornos.Trinta e cinco médicos legistas que atuam no Departamento Médico Legal vão iniciar uma paralisação que significa expor uma ferida que anda escondida pela maquiagem governamental. Metade do atendimento realizado por esses profissionais deixará de ser realizado. Num cálculo rápido, mais de 40 corpos poderão fazer fila a espera dos laudos em uma semana. E o pior: alguns deles, sem refrigeração.
É o ápice da crise. Depois de dois anos de negociação com a Secretaria de Estado de Gestão e Recursos Humanos (Seger), a paciência dos doutores se esgotou. O que eles querem? Equiparação com os médicos que atuam na Secretaria de Estado da Saúde. Resolvida essa questão, outra estaria meio caminho de ser solucionada: a ampliação dos quadros, que não acompanham, a mesmo galope, o crescimento das mortes violentas.
Com um salário inicial de R$ 3,9 mil (segundo a Associação de Medicina Legal do Estado, a pior remuneração do País e quase metade do que os colegas do Estado recebem) fica difícil atrair profissionais para atuar num campo de trabalho tortuoso. Em todo o Estado, são 35 profissionais (o Estado de Roraima abriu concursos para 110 vagas…). E deles dependem toda a polícia investigativa e o Judiciário.
O Estado hoje conta com 15 legistas para atender os cerca de 2 milhões de habitantes da Região Metropolitana, considerada uma das mais violentas do País. Em determinados plantões, um profissional se reveza em quatro salas realizando os atendimentos. Engana-se quem imagina que eles lidam apenas com as autópsias, cerca de 300 por mês. Os laudos em vivos somam 2,5 mil nesse mesmo período.
Entre eles: lesões corporais por agressões, incluindo as mulheres atendidas pela Lei Maria da Penha. Exames em presos que são transferidos ou libertos. Também laudos por estupros ou qualquer outro ato de violência. O nível de pressão para um trabalho meticuloso e de altíssima importância tem esgotado a categoria, especializada em emitir pareceres que serão decisivos para condenação de um agressor, por exemplo. Se falando de homicídio, a situação agrava. Laudos mal feitos significam um crime sem solução. Não há tempo para revisões dos documentos, provas importantes para os inquéritos.
Represente da categoria ouvido por Calçadão desabafou que não há mais condições de continuar. Com tanto trabalho, a pressão vem de todos os lados; inclusive de policiais e delegados. E fazem questão de afirmar: não é um movimento oportunista, em ano eleitoral, mas a gota d’água. O Estado alega que abriu concursos para a categoria e que 25 novos médicos tomariam posse logo após o Carnaval. A cerimonial ocorreu, na última segunda-feira, mas nenhum candidato compareceu. O diálogo, de fato, está aberto e os médicos são bem tratados pelos representantes do Estado, mas o que desejam não foi resolvido. O que se ouve é que Casagrande está numa saia justa: aumentar o salário para um grupo pequeno não representaria tanto impacto na folha de pagamento, mas pode incitar outras categorias; sobretudo os policiais civis, mais incisivos quando se fala em paralisação. E uma greve dessas é tudo o que um governo menos quer num ano eleitoral.
Na prática, só se conhece a importância do legista quando o desespero chega com a morte de um familiar ou amigo próximo. É o que dizem os profissionais.