SIMES | Notícia
Simes

Notícias

Médicos do Hospital Estadual Infantil Nossa Senhora da Glória podem parar em 15 dias


04/09/2013
Comunicação Simes

Os médicos do Hospital Estadual Infantil Nossa Senhora da Glória (Heinsg) em Vitória podem parar o atendimento ao público em 15 dias, caso suas reivindicações não sejam atendidas pelo governo do Estado. A decisão pela paralisação foi tomada na assembleia extraordinária realizada na noite desta terça-feira (03/09) pelo Sindicato dos Médicos do Espírito Santo com cerca de 40 profissionais que atuam no Hospital. 

Entre as principais reivindicações da categoria está a melhoria na segurança do local, com a disponibilização do dispositivo conhecido como botão do pânico, segurança armada e sistema de vídeo monitoramento nas áreas comuns do hospital. 

O tema segurança ganhou destaque na última semana após um bandido invadir o Hospital na tentativa de executar um paciente que havia dado entrada com perfuração a bala. O sindicato denunciou a situação por ofício ao Secretário de Saúde, ao Ministério Público Estadual, e à Secretaria de Segurança Pública. 

"No documento encaminhado às autoridades, nós solicitamos mais policiamento na região, grades nos balcões e portas, além do botão do pânico para que os médicos possam acionar a polícia em casos de emergência. Os botões ficariam com os médicos plantonistas e repassados a cada troca", disse o presidente do Simes e vice presidente da Fenam, Dr. Otto Baptista. 

Com a assembleia realizada nesta terça-feira, a lista de solicitações a serem contempladas pelo governo do Estado vai aumentar. Os profissionais denunciaram ao Sindicato problemas graves como condições insalubres para médicos e pacientes, sobrecarga de trabalho por falta de profissionais na escala dos plantões e a não convocação de classificados no último concurso público para integrar o quadro do hospital.

Problemas como falta de protocolo de atendimento nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) também são queixas dos médicos do Infantil que recebem um volume grande de pacientes sem gravidade que poderiam ser tratados nos seus municípios. "Os pacientes estão vindo de municípios que têm capacidade de atender à demanda, gerando sobrecarga de trabalho para os médicos e superlotação do Hospital. Além disso, é preciso determinar um limite de idade dos pacientes. Já tivemos caso de paciente com 27 anos na emergência do Infantil", relatou uma médica. 

"É desumano para o paciente e para os médicos pois não existe acolhimento. Temos de trabalhar com superlotação e até sem cadeiras para as mães acompanhantes de pacientes se sentarem. Os ventiladores estão quebrados e esgoto quebrado", relatou um médico. 

A equipe do Hospital solicita que seja feita a contratação emergencial de mais médicos para atuaram no plantão do Infantil e que haja uma fiscalização do Conselho Regional de Medicina em relação às condições de atendimento, de trabalho e sanitárias. "Queremos uma fiscalização diária da escala de plantão. Recebemos denúncia de médicos que estão lotados no Pronto Socorro, mas estão trabalhando em outras áreas do Hospital. A precarização do serviço me parece uma estratégia do governo para entregar o hospital à rede privada no futuro", disse Dr. Gustavo Picallo, diretor de Comunicação do Simes. 

Dr. Gustavo disse que também vai cobrar das autoridades o respeito à Resolução 229/2010 do Conselho Federal de Medicina que determina a limitação de atendimento em emergência a 40 pacientes por plantão. 

Emocionada, uma médica declarou que o que mantém o hospital funcionando é o amor que os profissionais têm pela profissão. "Se fosse pelo salário e condições de trabalho, não haveria ninguém mais aqui, o Hospital Infantil já teria fechado". 

Todas as reivindicações deliberadas na Assembleia Extraordinária dos Médicos do Hospital Infantil serão encaminhadas para a Secretaria de Saúde e ao Ministério Público Estadual. Em 15 dias, caso não sejam atendidos, os médicos vão paralisar o atendimento.