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Em protesto, médicos denunciam deficiência de quatro mil leitos na rede pública


06/05/2013

Pedindo condições dignas de atendimento, fim da superlotação, mais prontos-socorros e leitos de UTI nos hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS), profissionais da saúde e representantes da sociedade civil se uniram em uma caminhada na manhã deste domingo (05) pelas ruas de Vitória.

Com o slogan 'Porque o silêncio não é o melhor remédio', o movimento, chamado de SOS Saúde, alerta que a saúde pública está doente e que sofre com o descaso das autoridades para o problema. De acordo com o vice-presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), Osvaldo Pavan, pessoas estão morrendo por falta de leitos nas UTI's.


“Há mais de dez anos nós convivemos com corredores de hospitais lotados e com deficiência de quatro mil leitos na rede pública. Muitas vezes o médico que está no pronto-socorro não consegue encaminhar o paciente para o CTI por conta da deficiência crônica de leitos. Crianças estão morrendo por falta de UTI”, destaca.

Para o presidente da Associação Médica do Espírito Santo (AMES), Carlos Magno Pretti, falta uma atenção especial dos governantes para a área da saúde. “Embora exista a intenção dos atuais governantes do Estado de aumentar o número de leitos, sabemos que isso não vai resolver o problema da superlotação dos hospitais”.

O presidente da Ames diz que a participação da sociedade é fundamental para que melhorias aconteçam na saúde pública. “O que chama a atenção dos governantes é o movimento da comunidade, do cidadão. Esse movimento é para o cidadão reivindicar um direito que a Constituição lhe garante, ou seja, saúde para todos”, salienta.

Além de médicos, cidadãos comuns participaram da caminhada em defesa de melhorias na área da saúde. O contador Enio Leopoldo apoia a causa. “Graças a Deus eu ainda não precisei de atendimento hospitalar, mas o que eu ouço dos meus amigos é de que o atendimento em hospitais públicos é muito ruim, então qualquer manifestação da sociedade é válida”, conta.

Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Médicos do Estado do ES (Simes), Luiz Baltazar, além dos médicos serem mal remunerados, eles sofrem ameaças de pacientes que não estão satisfeitos com a falta de estrutura dos hospitais. “Têm profissionais que saem do plantão e vão direto para a delegacia fazer o boletim de ocorrência porque foram ameaçados por pacientes”, diz.

Baltazar também reclama da falta de apoio político em movimentos em defesa da saúde pública de qualidade. “Estamos fazendo um movimento em defesa do SUS, não é em defesa da remuneração médica. Onde estão nossos vereadores da Capital, os deputados estaduais e federais e os senadores? Para defender os royalties do petróleo eles queimam pneu na rodovia. Agora, onde estão os políticos para defender o SUS?”, indaga o médico.

O único político que participou do movimento foi o deputado estadual e presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, Hércules Silveira (PMDB), que também é médico. Durante a caminhada, ele recolheu assinaturas para compor o Projeto de Lei que destina 10% dos recursos da União para a saúde pública.

A caminhada teve início no Posto 1 da Praia de Camburi e seguiu em meia pista até a Praça do Papa, onde foi celebrado um culto ecumênico.