30/12/2012
A Gazeta
O ano novo que se anuncia carrega consigo, no Espírito Santo, não só
esperanças de mudança, alimentadas pelas promessas de campanha dos futuros
prefeitos que assumirão o controle das 78 cidades capixabas pelos próximos
quatro anos, mas o desafio de solucionar ou minimizar problemas em áreas
nevrálgicas. Tarefa que competirá também ao governo estadual.
A começar pela redução do alto índice de homicídios a taxa é de 50 mortes por
100 mil habitantes, no Estado. Neste ano, somente até a última semana já havia
registro de quase 1.600 homicídios mais de 900 na Grande Vitória.
Pós-doutora em Ciência Política, a professora da Universidade Federal do
Espírito Santo (Ufes) Márcia Barros lembra que não é só o meio ambiente que
precisa ser lembrado quando se pensa no avanço da industrialização e do novo
ciclo de desenvolvimento no Estado. A atração do fluxo migratório incha as
cidades e traz também consequências no campo da Segurança Pública, diz ela.
E o crescimento das cidades, sem o devido planejamento, conforme lembra o
doutor em Engenharia e professor da Ufes Rodrigo Rosa, agrava outro problema,
já registrado com maior intensidade na Grande Vitória: o de mobilidade urbana.
Além de engarrafamentos, os veículos em circulação aumentam também o número de
acidentes, causando pressão forte de demanda por leitos hospitalares.
O governo promete aliviar o problema com a inauguração do Hospital Dr. Jayme
Santos Neves, na Serra, e a conclusão da reforma do São Lucas, em Vitória. Mas
a saúde também registra baixa capacidade resolutiva nas unidades de atendimento
básico das prefeituras.
Presidente do Sindicato dos Médicos do Estado, Otto Baptista lembra que,
desestimulados pela remuneração e pelas condições de trabalho, muitos médicos
não querem mais atuar em unidades públicas.
O uso e o tráfico de drogas são outros problemas sérios, com implicações na
Saúde e na Segurança. Na Educação, o desafio é garantir mais vagas em creches e
na pré-escola, e melhorar a qualidade do ensino fundamental. Já no Meio
Ambiente, a coleta e a disposição de mais de 3 mil toneladas de lixo/dia exigem
solução.
Saúde
Melhorar o salário pago aos médicos da rede pública é desafio imposto
aos novos prefeitos. É que segundo o presidente do Sindicato dos Médicos do
Espirito Santo (Simes), Otto Baptista, uma das grandes dificuldades do setor é
o insuficiente número de médicos, devido a remuneração e as condições de
trabalho ofertadas inclusive na rede estadual: em média, R$ 3.500 mensais por
20h semanais.
Para Baptista, é também preciso mais investimento no atendimento da rede
básica, que compete às prefeituras. É fato que muitos municípios não conseguem
manter unidades com bom padrão de atendimento. E sem os recursos e retaguarda
necessários, médicos sentem-se inseguros em atuar nesses locais.
A sobrecarga dos hospitais é uma decorrência desse problema. Sem ter
como viabilizar um tratamento na rede básica, o doente migra para o
pronto-socorro do hospital, que não dá conta da demanda de atendimento.
O governo diz que abriu 155 leitos hospitalares na rede própria e filantrópica
nos últimos 18 meses, e promete aliviar o problema com a inauguração do
Hospital Dr. Jayme Santos Neves, na Serra, e a conclusão da reforma do São
Lucas, em Vitória.
Trânsito
As prefeituras da Grande Vitória vão ter que se preparar para enfrentar
a insatisfação de condutores de veículos de passeio com a implantação dos
corredores exclusivos para ônibus, projeto do governo do Estado que terá a
primeira etapa implantada até 2016.
É que segundo o engenheiro especialista em transporte e trânsito, Rodrigo Rosa,
o BRT tem um problema "grave": a ocupação de espaços já reduzidos nas
vias da cidade. "Só na Avenida Reta da Penha, em Vitória, duas ou três
pistas devem ser reservadas para a circulação de ônibus".
Melhorar a qualidade serviço de ônibus para convencer os donos de
carros a deixá-los em casa, é um desafio.
Rodrigo Rosa defende também a criação de corredores virtuais nos horários de
pico, quando vias transversais seriam fechadas com barreiras, e semáforos
seriam liberados para dar fluxo ao trânsito.
Na sua avaliação, a alternativa para desafogar o trânsito na Região
Metropolitana passa pela integração de ônibus, aquaviário e até veículo leve
sobre trilho (VLT). Ele defende a criação de uma ligação por VLT passando pela
Rodovia Leste-Oeste.
Segurança
A industrialização e o avanço, no atual ciclo de desenvolvimento que o
Espírito Santo atravessa, trazem também consequências na Segurança. E sem
planejamento correto, as cidades cuja população aumenta com a chegada de
pessoas em busca de oportunidade de trabalho, também veem a violência e a
criminalidade aumentar.
Melhoria na infraestrutura das cidades, com ruas mais iluminadas e dotadas de
sistemas de videomonitoramento por exemplo, contribuem para reduzir a
violência.
Para a professora da Ufes Márcia Barros, o grande desafio das cidades capixabas
na área da Segurança Pública é baixar os índices de homicídios, especialmente
de pessoas jovens.
"É preciso fazer pesquisas para se entender a dinâmica dos homicídios. Um
passo importante foi dado pelo governo, que lançou edital para realização de
pesquisas pela comunidade científica", diz a professora, ao lembrar que
"sabe-se dos horários, dos locais, mas não se sabe a razão". Ela diz
o homicídio tem várias motivações, entre as quais briga passional, uso de
álcool, e tráfico.
Educação
Até 2016, no Brasil, todas as crianças e adolescentes entre 4 e 17
deverão estar, obrigatoriamente, na escola. Esse é um grande desafio a ser
enfrentado pelas próximas administrações, já que, hoje, só 40% das crianças de
0 a 5 anos frequentam a educação infantil 20% creches. E a falta de acesso à
pré-escola dificulta a apreensão do conhecimento e da cultura escolar, alerta a
professora da Ufes Gilda Cardoso.
A professora sugere gestão associada das prefeituras da Grande Vitória na área
da Educação. E destaca a necessidade de a escolha da equipe técnica do setor
ser feita com critério, sem barganha política.
Outro desafio das cidades é melhorar a qualidade do ensino. No Espirito Santo,
por exemplo, alunos da rede pública não atingiram a meta do Índice de Educação
Básica (Ideb). "Fazer um diagnóstico da causa da nota baixa para corrigir
o problema, e apoiar a escola que vai bem, são medidas fundamentais", diz
Gilda Cardoso.
Ela defende a ampliação da jornada diária nas escolas, argumentando que
"quatro horas não representam nada" para o ensino-aprendizagem.
Drogas
Não dá para ignorar a verdadeira tragédia que as drogas têm causado na
sociedade. E nos últimos anos, a epidemia do uso de crack, que causa uma forte
e rápida dependência, tornou-se um enorme desafio para as administrações
públicas. Retrato dessa realidade são as cracolândias que passaram a compor os
cenários das cidades.
Especialista em dependência química, o médico João Chequer diz que o grande
desafio das autoridades é impedir o acesso de menores de idade às drogas
inclusive tabaco (cigarro). Associado à educação, ele defende ação mais efetiva
do poder público no combate ao tráfico de drogas. E lembra que 70% dos usuários
de crack e cocaína também fazem uso de álcool.
"A droga é responsável por crimes violentos", lembra ele, defendendo
a internação compulsória determinada pela Justiça, mas em unidades
estruturadas, com fiscalização de prefeituras e Estado. "Do contrário,
elas viram cárceres".
Chequer lembra também que o atendimento ambulatorial precisa melhorar, com
oferta de medicamentos necessários para os pacientes. "Hoje, as unidades
não atendem nem à demanda de consultas", afirma ele.
Lixo
Nos 78 municípios do Espírito Santo existem 102 lixões. E em todo o
Estado, estima-se em mais de três milhões a produção diária de lixo gerado por
residências e estabelecimentos comerciais.
Por outro lado, até 2014, conforme Termo de Ajuste de Conduta (TAC) assinado
com o Ministério Público, na Grande Vitória o desafio das cidades é implantar a
coleta seletiva, projeto que ainda caminha a passos lentos até mesmo na
Capital.
Depois da universalização do abastecimento dágua, e de se atingir a mesma
meta, até 2015, na coleta e tratamento do esgoto, a coleta e a destinação final
do lixo, feitas dentro do padrão técnico, representam um grande desafio para o
Estado.
Para solucionar o problema, o governo lançará em 2013 licitação para construção
de três aterros sanitários e estações de transbordo de resíduos que servirão a
60 municípios que concentram mais de um milhão de habitantes e produzem 1,2 mil
toneladas de lixo/dia.
As unidades têm custo estimado de R$ 100 milhões. E a manutenção e operação
será feita pelos municípios do interior, de forma consorciada.
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