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Profissão: MÉDICO!


17/10/2014
Revista Viver!

Foto: Simes

Pesquisa inédita mostra que médicos possuem dificuldades na hora da aposentadoria. Profissionais chegam a trabalhar mais de 100 horas por semana, diz presidente do Simes.

O Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes) realizou uma pesquisa inédita que revela o perfil do profissional capixaba de medicina em relação à própria saúde e seus planos de aposentadoria.
Ao contrário do que se imagina, o quadro assusta: apenas 36% dos entrevistados possuem um bom plano de saúde e 12% não tem plano algum (enquanto 23% utilizam planos de saúde participativo e 29% planos medianos).
Segundo o Dr. Otto Fernando Baptista, presidente do Simes e vice-presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), o universo pesquisado abrangeu 1.281 entrevistados capixabas – dos quais 983 são médicos em atividade e 298 aposentados.
Um ponto que chamou ainda mais a atenção na pesquisa, que foi inclusive tema do 2º Fórum de Direito Previdenciário da Saúde – realizado pelo Simes no último dia 10, em Vitória – foi a pergunta feita aos entrevistados sobre quando ele passou a se preocupar com aposentadoria.
Dos 1,2 mil pesquisados, 3,8% responderam que só se preocupam com a aposentadoria na fase inicial da carreira; 14,7% passaram a pensar seriamente no assunto com mais de 15 anos de carreira; 21,3% entre 20 e 25 anos; 47,7% assumiram que a preocupação veio aos 30 anos após o início na medicina; e 13,5% somente no ano da aposentadoria.

Confira na íntegra a entrevista feita pela revista Viver! com o Dr. Otto Baptista:

Viver!: Em relação à pesquisa que o Simes realizou, qual o perfil que você traça do médico capixaba?

Dr. Otto: O médico tem uma jornada de trabalho acima do normal, chegando ao ponto de ter uma jornada de mais de 100 horas por semana. E quando ele pensa na aposentadoria, isso só vem a ocorrer nos últimos 5 anos de carreira dos mais de 30 trabalhados. Isso é preocupante porque ele não consegue almejar a aposentadoria mesmo privada. Os vínculos trabalhistas que o médico tem vem de contratos temporários na verdade, sem vínculos. E quando o profissional da medicina dá conta disso fica fadado a uma aposentadoria no teto mínimo. Isso mostra que o médico apenas trabalha e, quando se desperta para sua aposentadoria, se vê em uma situação extremamente embaraçosa e que repercute em um final de carreira que os obriga até mesmo a continuar trabalhando. E a preocupação do Sindicato dos Médicos do Espírito Santo é não permitir que isso aconteça. Entre nossas ações para isso foi a realização do 2º Fórum de Direito Previdenciário na Saúde, orientando o profissional a buscar seus direitos quanto a aposentadoria. Nossos médicos estão desorientados e desinformados nesse aspecto.

Viver!: Existe a velha premissa de que os médicos não adoecem. Preocupa o fato de que mais de 12% dos médicos não possuírem plano de saúde?

Dr. Otto: Isso demonstra de forma concomitante que o médico muitas vezes trabalha para sobreviver. E quando ele busca um plano de saúde, acaba esbarrando em algumas dificuldades – conforme revelou a nossa pesquisa. Isso prova como a remuneração dos médicos está repercutindo de forma negativa em sua vida. Se o médico não tem plano de saúde, pode ter certeza que nem sua esposa ou seus filhos possuem também. Assim, o profissional acaba fadado a contar com o apoio da própria categoria médica, aquela coisa solidária que existe em nossa classe que diz respeito, entre outros, a internações ou cirurgias de emergências.

Viver!: Deixe uma mensagem para o Dia do Médico.

Dr. Otto: É muita luta. E a mensagem que a gente passa é que o médico nunca desista, pois existem entidades que lutam por ele. Não só a nível municipal ou estadual, mas também a nível federal. Que este Dia do Médico seja um dia de luta mas também de mudanças. Precisamos, juntos, construir um futuro dentro do anseio de cada profissional da medicina.