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Famílias reclamam da demora na liberação de corpos em mais um dia de greve no DML de Vitória


26/03/2014
Folha Vitória

O portal folha Vitoria publicou nesta quarta-feira dia 26 de março, uma matéria sobre a paralisação do DML Vitória . A matéria foi produzida após e paralisação dos médicos legistas do ES .Leia abaixo a reportagem publicada Folha Vitória na íntegra

“Pelo terceiro dia consecutivo, os familiares de Endrew Pereira, de oito anos, tentaram liberar o corpo do menino, morto após ser atingido pela estrutura de um muro, no bairro Aparecida, em Cariacica.
Na manhã desta quarta-feira (26), o pai do menino, Fernando Augusto Pimentel, esteve no Serviço de Verificação de Óbito do hospital São Lucas, em Vitória. Ele conta que os funcionários não deram previsão de quando o corpo da criança seria liberado. “Eles alegaram que não podem fazer nada porque a responsabilidade é do DML”, disse.
A saudade que o pai tem do filho se mistura ao sentimento de revolta, causado pela demora na liberação do corpo do menino. “É angustiante, ficamos o dia todo sem almoçar, uma correria. Nenhum pai quer isso, quero só enterrar o meu filho. Não tem jeito, temos que esperar, já que só depende deles”, afirma.
Além da família de Endrew, outras pessoas aguardavam respostas na porta do Departamento Médico Legal (DML) em Vitória. Uma operadora de telemarketing relata que, desde o último domingo (23), aguarda a liberação do corpo do avô. “Todo mundo fica na aflição, esperando uma resposta e ninguém fala nada”, conta.
Toda a demora para a liberação dos corpos no DML é provocada pela greve dos médicos legistas. Com a paralisação, todos os serviços foram suspensos e, desde o início do mês, a população tem sido prejudicada.
Os médicos reivindicam melhores salários, melhores condições de trabalho e reposição do quadro operacional. Segundo o presidente da Associação de Medicina Legal do Espírito Santo, Leonardo Lessa, o número de profissionais que atua no Estado está muito abaixo da demanda, que é de 150 médicos.
Além da sobrecarga no trabalho, o sindicato alega que os profissionais recebem o pior salário do Brasil, aproximadamente R$ 4 mil, para uma carga horária de 30 horas por semana.
Um vídeo feito pela própria categoria dos médicos legistas foi divulgado para denunciar as condições do DML. Nas imagens, é possível ver macas enferrujadas, buracos e infiltrações nas paredes, geladeira estragada e sacos espalhados pelo local.
Segundo o advogado do Sindicato dos Médicos, Luiz Telvio Valim, a greve só vai acabar quando a categoria tiver uma resposta do Governo do Estado. “A reunião, através da Casa Civil, está marcada para as 19 horas. Sem a resposta, a greve vai continuar”, afirma.

Polícia Civil diz que greve é ilegal
De acordo com a Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), a Justiça decretou a ilegalidade da paralisação e, portanto, a categoria está descumprindo uma decisão judicial.

Na manhã desta quarta-feira (26), o delegado chefe de Polícia Civil, Joel Lírio, mostrou uma realidade diferente da retratada pelos médicos legistas no Departamento Médico Legal (DML) de Vitória. Em fotos, as salas aparecem limpas, os laboratórios arrumados e um ambiente todo reformado.

Segundo o delegado, o DML existe há 25 anos. No ano passado foi dado início à primeira etapa da reforma no local, que já foi concluída este ano.
Ainda de acordo com o delegado Joel Lírio, os vídeos que foram divulgados pelo sindicato dos médicos são de salas vazias, que não poderiam estar sendo utilizadas. “Aquelas imagens que foram passadas são de uma área que não é utilizada, é um local para o descarte de material, já que estamos reformando o DML”, explica.
Segundo o delegado, a greve é ilegal e os médicos serão punidos. “Essas imagens são um ‘fundo’, para colocar a população em dúvida quanto ao que eles realmente desejam, que é a questão de reposição salarial. Há um descumprimento de uma decisão judicial e nós estamos adotando as providências necessárias. Vamos cortar o ponto, instalar um procedimento administrativo, inquérito policial por cada recusa que foi feita de atendimento médico”, afirma”.