SIMES | Notícia
Simes

Notícias

Greve na Serra


27/12/2013
Jornal Novo Tempo   |   Conceição Nascimento / Eci Scardini

Sindicato da categoria confirma negociação com a administração municipal há cerca de dez anos

Os médicos da rede municipal de saúde, lotados nas unidades de saúde, que se constituem como a porta de entrada do sistema, estão ameaçando entrar em greve, caso a Prefeitura não conceda aumento no salário base da categoria, que é de R$ 2.618,73.

O Sindicato dos Médicos passou a semana alertando os usuários, através da imprensa e também nas unidades. A greve pode ocorrer também no município de Vitória.

A decisão da categoria pela greve é em função dos gastos públicos com os médicos estrangeiros na Serra, que segundo o presidente do Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes), Otto Baptista, chega a R$ 16mil por mês. A entidade considera um contraste com os salários que os profissionais vêm recebendo na Serra.

O Portal da Transparência da Prefeitura da Serra confirma o salário base de R$ 2.618,73. Já os vencimentos finais dos médicos dependem do tempo de vínculo de cada um com o município e variam muito, tanto em função das vantagens pessoais e gratificações diversas, como também com os descontos para a Previdência, do Imposto de Renda e empréstimos consignados quando for o caso No mês de outubro há o registro de um médico que recebeu vencimento líquido de R$ 12.716,97; outro profissional chegou a R$ 11.366,00. Mas teve caso também de médico que recebeu R$ 640,00 líquidos; outro recebeu R$ 1.577,00. Mas a grande maioria dos profissionais está na faixa salarial de R$ 3,5 a 4,5 mil.

Segundo Otto Baptista, os médicos trabalham 20 horas por semana. "As negociações com a administração municipal se arrastam há mais de dez anos. Em caso de greve, aproximadamente 250 profissionais garantirão o atendimento à população, e serão atingidos os ambulatórios, a rede básica de saúde", contou Otto.

Conversando

O secretário municipal de Saúde, Luiz Carlos Reblin, disse que a administração está conversando com todas as entidades sindicais e que foi constituída uma comissão para dialogar com os trabalhadores. A comissão é formada por representantes da Secretaria de Planejamento (Seplae), de Administração (Sead) e Finanças (Sefi).

"Cada sindicato tem suas necessidades, e estamos cons- truindo um cenário futuro para estes profissionais", disse Reblin.

O secretário acrescentou que o Simes garantiu que em caso de greve, a administração seria informada antecipadamente. "Não estamos trabalhando com o cenário de greve e acreditamos que não caminharemos nesta direção", frisou.

Médicos cubanos

A situação dos médicos cubanos que atuam na Serra não é das melhores. Abordados pela reportagem, nenhum deles quis dar declarações sobre a situação trabalhista, como vivem e quanto efetivamente ganham por mês.

Servidores que atuam nas unidades de saúde onde estes médicos atuam contam que eles trabalham oito horas por dia (7h às l7h) no consultório e com assistência domiciliar.

Alguns deles estão hospedados em pousadas, pagas pela Prefeitura, que também oferece o transporte de ida e de volta e têm direito a um cartão alimentação de R$ 250,00 por mês; o mesmo que tem os servidores da Prefeitura.

Quanto à remuneração, o que foi possível apurar informalmente, é que eles receberam apenas R$ 800,00 pelo mês trabalhado. Adiferença do que paga o Governo e do que eles recebem não foi possível saber, mas especula-se que o Governo cubano fique com o restante.

Sobre o assunto, o secretário Reblin disse o repasse das bolsas destinadas aos médicos do Programa Mais Médicos para o Brasil, no valor de R$ 10 mil, é feito pelo Ministério da Saúde. "Os valores são enviados à Organização Panamericana de Saúde, que por sua vez encaminha ao governo cubano", explicou.