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Pesquisa co Conselho Federal de Medicina mostra carência de especialistas no Espírito Santo
09/09/2013
Jornal A Tribuna | Giordany Bossato
Uma pesquisa do Conselho Federal de Medicina (CFM) indicou que faltam médicos nas áreas de geriatria, pediatria e radiologia em hospitais do Espírito Santo. O estudo apontou ainda que existem, no Estado, pouco mais de dois médicos registrados no Conselho para cada mil habitantes.
O pediatra e membro do CFM, Celso Murad, disse que a falta de especialistas existe devido à falta de incentivos do Governo Federal. Se não existe investimento, não tem como haver recurso humano, explicou o médico. Assim, se o Governo não investe no salário dos profissionais, os estudantes vão preferir especialidades que dependam menos do poder público, concluiu o médico.
O membro do CFM disse, ainda, que não há no Estado, nem no Brasil, uma rede estruturada de recursos humanos. O que existe, até agora, são estimativas médicas, mas é preciso saber também quantos enfermeiros, nutricionistas e fisioterapeutas faltam, afirmou.
Para o presidente da Associação Médica do Espírito Santo (Ames), Carlos Magno Pretti Dalapícola, parte da falta de especialistas está na dificuldade que algumas delas exigem. Tanto o pediatra quanto o geriatra podem ter dificuldade em diagnosticar os pacientes ou porque eles não explicam direito como é a dor, ou porque existem certos receios do paciente em relação ao médico, entre outros fatores. E essas dificuldades não são levadas em conta na hora de estipular o valor das consultas, analisou.
A questão dos profissionais em radiologia também tem a ver com os gastos financeiros, segundo ele. As máquinas para exames radiológicos são muito caras, então o profissional dessa área, às vezes, precisa trabalhar com outro profissional e ser empregado deste que já está há mais tempo no mercado. Isso afasta um pouco os estudantes de medicina da especialização em radiologia, esclareceu.
A questão mais importante para o presidente do Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes), Otto Baptista, é que as oportunidades estão aquém das expectativas. Às vezes, as condições de trabalho e as remunerações não estão de acordo com o investimento feito por especialistas, e isso pode acontecer tanto na rede pública quanto na rede particular, com os planos de saúde, afirmou Otto.
Procurada para comentar o assunto, a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) não foi encontrada, às 20 horas de ontem.
Em algumas áreas, é suficiente
O baixo número de médicos em algumas especialidades não significa que faltam muitos médicos no mercado. Um bom exemplo para essa situação são os profissionais de medicina nuclear ao todo são 10 no Estado, mas de acordo com o diretor do Centro de Medicina Nuclear, Adroaldo Nóbrega Fonseca, esse número atende bem a todos os pacientes interessados.
Essa especialidade não requer um número grande de profissionais, já que também é baixo o número de pacientes que precisam dela. Por outro lado, a pediatria, que tem 825 profissionais cadastrados, tem uma demanda muito alta, o que faz com que o pediatra seja sempre buscado no mercado de trabalho, disse Adroaldo.
Ele afirma que, em algumas especialidades, existe um desequilíbrio da distribuição e isso acontece de forma natural. A maior parte dos profissionais quer se estabelecer nos grandes centros e longe das cidades mais interioranas em razão da falta de estrutura que essas cidades apresentam, resumiu.
Segundo Fonseca, o Espírito Santo perde profissionais especializados para outros estados, como Rio de Janeiro e São Paulo. Isso porque os estudantes vão para esses lugares buscar especializações e acabam se fixando nessas regiões", concluiu.