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Férias atingem unidades de saúde


25/07/2016
O Popular


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Conforme notícia do portal O Popular desta sexta-feira (22), unidades públicas de Goiânia sofrem desfalque de profissionais nesta época do ano. Cerca de 16% dos 849 médicos da rede municipal estão gozando de benefício.

A população de Goiânia aumenta o teste de paciência na busca por atendimento nos postos de saúde em julho. No total, 66 plantões em nove unidades básicas de saúde da capital estão incompletos, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). O sindicato dos profissionais aponta falta de planejamento da pasta.

De acordo com informações, o desfalque nos plantões é reflexo das férias de 141 médicos do município, o equivalente a 16% do total de 849 profissionais, segundo confirma a pasta. O número de médicos que não estão atendendo à população pode ser ainda maior, já que o levantamento não inclui os que estão de atestado médico ou afastados do trabalho por algum motivo.

Dois clínicos gerais faziam o atendimento aos pacientes que procuraram na tarde de ontem o Cais da Chácara do Governador. As pessoas aguardavam por mais de três horas o encaminhamento aos médicos. A auxiliar de serviços gerais Rosilene de Jesus Silva, de 34 anos, que está no sexto mês de gravidez, aguardava há três horas por atendimento no local. Ela tinha dores de cabeça e no corpo e reclamou da falta de prioridade no encaminhamento aos consultórios.

O Cais do Setor Campinas foi um dos que também começaram a semana com o plantão incompleto. Dos seis médicos que atendem na unidade normalmente, apenas um foi trabalhar na segunda-feira, como contou ontem uma atendente à reportagem do POPULAR. Ela disse, ainda, que o problema na unidade de saúde foi resolvido, mas, conforme acrescentou, ''poderá voltar a qualquer momento, já que é comum diminuir a quantidade de profissionais em atendimento no mês das férias.''

No Cais do Jardim Novo Mundo, apesar de alguns profissionais de férias, o atendimento conseguiu suprir a demanda da tarde e por volta das 18 horas não havia mais pacientes na recepção. ''Não é que não tenha tido uma demanda alta. A recepção estava cheia e os médicos não pararam até agora'', contou uma recepcionista. As unidades de saúde só devem voltar a atender normalmente em agosto.

Pasta se esforça para diminuir prejuízo, diz diretora de secretaria

De acordo com a notícia, a diretora de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia, Kátia Martins Soares, diz que a pasta se esforça para ''diminuir o prejuízo'' decorrente da redução de médicos em atendimento no mês de julho. Ela afirma que o órgão faz planejamento para a concessão de férias aos profissionais. ''A gente já faz o controle das férias'', assevera.

Kátia observa que julho é também um mês de férias escolares, o que, segundo ela, estimula o maior número de pedidos por parte dos profissionais para que passem o período com os filhos.

No entanto, acrescenta a diretora, a pasta geralmente chama os médicos credenciados que estão à disposição para aumentar a quantidade de plantões. Cada um deles pode fazer no máximo cinco plantões, afirma Kátia, ressaltando que o valor individual varia de R$ 850 a R$ 1.250. Outra estratégia que a secretaria tenta usar para diminuir o impacto das férias dos médicos no atendimento é a fragmentação delas. Ou seja, há negociação para concessão de duas férias de 15 dias, em vez de uma de 30 dias.

''Todos os plantões da rede possuem médicos. Em alguns pode haver redução. Ou seja, uma escala que deveria ter cinco profissionais passa a ter quatro profissionais no período'', explica, para emendar: ''A maioria deles tem férias fragmentadas.''

A diretora diz ainda que muitos médicos pedem férias em julho, mas nem todos os pedidos são atendidos. ''São estratégias que a gente utiliza para que tenha menor prejuízo em relação ao funcionamento. São meses de maior concentração, de solicitação. A gente já faz regulação de todos os pedidos.''

Maior demora e menos atendimentos de urgência

Por um lado, segundo informações, a falta de médicos eleva o tempo de espera por atendimento e motiva reclamações como a da auxiliar de serviços gerais Rosilene de Jesus Silva, de 34 anos. Grávida de 6 meses, ela permaneceu por mais de 3 horas ontem no Cais da Chácara do Governador. Por outro, o número de atendimentos médicos de urgência na rede municipal de Saúde vem caindo desde fevereiro, quando houve um surto de dengue na capital, fazendo com que a procura fosse atípica, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

Naquele mês, a média diária de atendimento em 12 unidades foi de 2.945, passando para 2.919 em março, quando o surto ainda era notado. Em abril, a média passou para 2.391 atendimentos, caindo para 1.963 em maio e 1.793 em junho. Já nos primeiros 15 dias deste mês, foi de 1.667.

Das 12 unidades que tiveram os números repassados pela SMS, 7 estão entre as que estão com déficit de médicos devido às férias. Destas, quatro tiveram uma queda na média de atendimentos de urgência entre julho e junho maior do que a registrada entre junho e maio. Na Upa Itaipu, a redução do número de atendimentos foi de 13,4% entre junho e julho, sendo que entre junho e maio a queda foi de 4,63%. Já no Cais do Jardim Guanabara a redução foi de 19,93% ante 11,12% registrados na comparação dos meses anteriores. A mesma situação foi notada no do Parque das Amendoeiras (13,65% ante 9,45%) e no da Vila Nova (4,87% ante 2,59%). No da Chácara do Governador e de Campinas, assim como no Ciams Jardim América, a redução entre junho e julho foi menor do que entre maio e junho. A comparação entre junho e julho foi feita considerando metade dos atendimentos realizados em junho - pois engloba apenas 15 dias.

3 perguntas para Rafael Martinez

O presidente do Sindicatos do Médicos no Estado de Goiás (Simego) reconhece o direito às férias dos profissionais, mas diz que a Secretaria Municipal de Saúde deve planejar cronograma para evitar problemas de atendimento.

1 - Como o senhor avalia a quantidade de médicos de férias no mesmo período?

O gestor é quem comanda a questão de autorizar ou não as férias. Ao autorizar, deve ter a possibilidade de fazer a cobertura desses profissionais. Deveria ter planejamento, para que o médico contratado cumprisse a carga horário dos médicos efetivos. Se, em uma unidade, independente do fluxo de pessoas, um entrar de férias, é preciso que outro cubra. Não dá para pressupor que vai atender menos.

2 - Portanto, não deveria diminuir a equipe do plantão?


Plantão não pode ficar sem médico e diminuir a quantidade é um risco. Como tem médicos que podem ser contratados para cobrir os efetivos, é preciso mesmo fazer planejamento de cobertura.

3 - Inclusive no mês de férias?

Se na unidade de saúde é preconizado um número de plantonistas no período, o número deve ser mantido mesmo com férias de algum. A previsão que existe vislumbra o atendimento diário. Se falta profissional, vai sobrecarregar os que ficaram em atendimento e as pessoas terão de ficar um pouco mais. Ou seja, o atendimento que o médico vai ter de fazer varia com o tempo e isso poderá aumentar.