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“Tá faltando tudo, eu quero sumir daqui”, desabafa médico


23/09/2015
Jornal A Gazeta

Foto: Reprodução

Profissional estava de plantão e recebeu voz de prisão por se negar a atender um paciente


O Jornal A Gazeta , publicou uma matéria nesta quarta-feira (23), sobre um médico que estava de plantão no Hospital de Base, no Distrito Federal, recebeu voz de prisão de um bombeiro por se negar a prestar atendimento a um paciente.

No meio da discussão, ele grita e diz que falta tudo no hospital. O episódio aconteceu no fim da tarde do último sábado e foi filmado por uma pessoa que estava no local. Depois do desabafo e da confusão, o médico acabou não sendo detido por aceitar receber a vítima. As informações são do site G1. Na gravação, é possível ver que o bombeiro diz que o médico está preso por desacato. Ele reage, unidade e que não pode receber o paciente.

“Cara, eu tô trabalhando, eu tô estressado aqui. Tá faltando tudo”, grita o médico.“Eu sei, calma, calma”, diz o bombeiro. “Tá faltando tudo, eu quero sumir daqui”, desabafa o servidor. O vídeo foi feito depois que os bombeiros socorreram um homem que tinha caído de um viaduto em Samambaia, região administrativa da capital federal.

Ao chegarem no Hospital de Base, a equipe foi alertada sobre a falta de médico, mas como a unidade é a única que atende trauma, os bombeiros insistiram no atendimento.Cerca de três horas depois da confusão, o paciente morreu.

Um homem que estava no local no momento da confusão e preferiu não se identificar afirmou que o profissional resistiu em receber o paciente alegando que não havia material e nem gente suficiente. “Ele disse que não havia vaga porque a sala onde ficamos pacientes graves estava lotada”,declarou.

“O que deu para perceber foi o desespero do médico em não ter material para poder dará assistência adequada e o cansaço estampa do nele. Ato do momento ele repetia que já estava ali há muito tempo, que queria ir embora e que sempre falava dos filhos dele, de querer ir embora para cuidar dos filhos. O que se notou ali era o desespero mesmo de alguém impotente em poder ajudar da melhor maneira o paciente”, disse o homem.

A Secretaria de Saúde informou que no último sábado a semi-UTI do hospital estava operando acima da capacidade. A pasta disse que o médico se exaltou diante da impossibilidade de receber novos pacientes. A direção do hospital falou que, apesar da discussão, o paciente foi atendido e que está apurando o caso para tomar as providências cabíveis.

No ES: superlotação e rotina de estresse

Para representantes da classe médica no Espírito Santo, as reclamações do médico em Brasília também valem para a realidade no Estado, onde, segundo eles, o SUS deixa a desejar em nível municipal, estadual e federal. A alta carga de trabalho dos médicos se contrasta com as poucas condições oferecidas para o exercício de sua atividade na opinião do presidente do Sindicato dos Médicos do Estado, Otto Baptista. Ele acrescenta também a insuficiência de profissionais.

“Isso é desde o consultório, até o local de pequenos procedimentos, até a sala de emergência. São situações situações caóticas, caracterizadas pela superlotação. Na maioria dos prontos-socorros existem equipamentos improvisado se sucateados, colocando em risco a população”, reclama o médico, que ressalta: “Isso a longo prazo desencadeia um estresse no profissional”.

O presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado (CRM-ES), Aloizio Fariade Souza, ressalta que tais problemas têm sido denunciados pela entidade desde 2010, inclusive através de um relatório fotográfico das condições dos hospitais. “Como proteger uma boa prática médica se o médico está trabalhando em condições precárias?”, questiona.