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RISCO DE INFECÇÕES EM HOSPITAIS


27/02/2014
Jornal A Tribuna /SIMES   |   Keyla Cezine

O jornal A Tribuna de quinta-feira(27), publicou uma matéria sobre os ricos de infecções nos hospitais, devido à superlotação. Médicos relatam que o aumento de infecções acontecem logo após as cirurgias.

Confira matéria:

Médicos dizem que a superlotação aumenta o risco para pacientes que estão internados.
Perigo é maior depois de cirurgias

A superlotação aumenta o risco de infecções hospitalares, afirmam infectologistas. De acordo com os médicos, os principais motivos são a proximidade entre os pacientes, a mistura de pessoas com doenças diferentes e a pressa dos profissionais de saúde, que precisam atender muitos pacientes em pouco tempo, principalmente nos setores de urgência, o que pode levar a um cuidado menor com a higiene.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes), Otto Baptista, existe superlotação em hospitais da região metropolitana, principalmente no Hospital São Lucas e no Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória, que pertencem à rede pública e ficam em Vitória. “Quando há essa superlotação, uma simples tosse de um paciente infectado pode contaminar vários outros e é isso que nos preocupa”.
Pacientes idosos, recém-nascidos – especialmente os prematuros – operados, com longa permanência nos hospitais e com doenças crônicas, são os que correm mais riscos, por terem imunidade baixa.

O quadro pode começar com algo simples, como uma infecção respiratória ou urinária, e evoluir para uma infecção generalizada, atingindo todo o organismo do paciente.

Otto destaca que problemas na estrutura dos hospitais também aumentam os riscos de infecções se espalharem. “Há hospitais com pisos quebrados, infiltrações e outros problemas. Isso, com certeza, aumenta o risco. Além disso, muitas vezes não existe treinamento dos funcionários ou supervisão de suas condutas”, afirma.

Segundo o infectologista Paulo Mendes Peçanha, o risco de um paciente pegar uma infecção existe mesmo se todas as medidas para prevenir forem tomadas. Mas, sempre que há muitos pacientes para serem atendidos, o atendimento não acontece da forma adequada e esse risco aumenta. “Seja em unidades públicas ou particulares, o atendimento vai ser feito da forma que é possível. Às vezes, na tentativa de ser rápido, o enfermeiro ou outro profissional da área da saúde queima etapas do procedimento padrão e não faz a higienização das mãos corretamente, por exemplo. Isso é muito importante e pode ser o suficiente para transmitir uma infecção”.

ESTUDANTE LUTA CONTRA BACTÉRIA

Um estudante de 17 anos corre o risco de perder a perna por causa de uma infecção. Em abril do ano passado, Erick Chagas Queiroz Silva seguia de bicicleta de casa para a oficina onde trabalhava, quando foi atropelado por uma moto. Ele teve fratura exposta na perna esquerda e foi encaminhado ao Hospital Dório Silva, na Serra, onde foi atendido e passou por cirurgia. Um mês depois, os primeiros sinais da infecção apareceram e, até hoje, Erick luta contra ela, com o objetivo de não precisar amputar a perna. O jovem não teve problemas para ser atendido e no hospital, recentemente, não há registro de superlotação. Mas, a família acredita que foi lá que ele pegou a infecção. “Ele ficou quase três meses internado depois do acidente. A gente e acredita que ele pegou a bactéria no hospital, mas os médicos dizem que pode ter sido na rua, no dia do acidente, já que ele teve fratura exposta”, afirmou a mãe de Erick, a faxineira Odete Chagas Queiroz, de 38 anos.

Nesta semana, Erick passou por uma cirurgia para tirar as hastes que estavam na perna e, amanhã vai passar por outra cirurgia para trocar o sistema de imobilização e fixação dos ossos.

“Os médicos falaram que isso é importante para evitar que a infecção se espalhe, fixar os ossos e evitar a amputação. Também disseram que vamos dar um tempo nos antibióticos e depois retomá-los” contou o jovem.

A direção do Hospital Estadual Dório Silva informou que o paciente deu entrada na unidade em abril de 2013 com lesão gravíssima fratura exposta grau 3, com perda óssea e com extensa lesão liga mentar no joelho. A direção do hospital esclareceu ainda que o paciente continua em tratamento em decorrência dos problemas relacionados à lesão inicial.

GOVERNO DIZ QUE MANTÉM PADRÃO

O secretário de Estado da Saúde, Tadeu Marino, afirmou que médicos e enfermeiros dos hospitais estaduais mantêm procedimentos padrões, mesmo quando há necessidade de atender muitos pacientes em pouco tempo. Segundo ele, as regras relacionadas à higiene e aos procedimentos para evitar infecções não são quebradas nos hospitais mesmo quando há casos de superlotação, o que é supervisionado por equipes multidisciplinares que compõem comissões de infecção hospitalar, presentes em cada hospital.

“Essas comissões avaliam a incidência de infecções e fazem todo trabalho necessário para evitar que as taxas subam. Em casos de superlotação, o trabalho é maior, mas o rigor também é maior porque os riscos são conhecidos”, afirma o secretário.

De acordo com Marino, a situação nos hospitais estaduais está controlada. “Não temos registrado taxas de infecção hospitalar acima do normal nem crescendo em nossos hospitais. Conseguimos controlar essa situação exatamente através do trabalho das comissões de infecção hospitalar”, destacou.
Segundo o secretário, além da supervisão do trabalho nos hospitais, eles realizam revisão de antibióticos e cultura de secreção dos pacientes. O objetivo desse trabalho é se antecipar aos problemas que podem surgir.

O secretário ainda destacou que, com o objetivo de acabar com a superlotação, o Estado já inaugurou 700 leitos hospitalares desde 2011 e outros 500 serão entregues ainda este ano.

“Durante muitos anos, não houve investimentos em novos leitos, mas nossa população cresceu e agora estamos adequando a oferta à demanda que existe”, disse.