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Glúten: o que você precisa saber sobre ele?
16/02/2018 - 14:56

Proteína presente no trigo, na aveia, no malte, na cevada e no centeio, o glúten está em uma infinidade de receitas, além de alimentos como pães e bolos. Entretanto, causa estragos quando ingerido por alguém que sofre da doença celíaca – a popular intolerância ao glúten. A patologia é autoimune e pode causar sintomas como diarreia e náusea até complicações mais graves, como câncer e inflamação intestinal, caso o paciente não tome os cuidados mínimos.

Assim como outras doenças, a intolerância ao glúten é mais frequente em pessoas de uma determinada faixa etária e gênero. Conforme o gastroenterologista e membro da Federação Brasileira de Gastroenterologia, Celso Mirra, o problema é mais comum em crianças e no sexo feminino – são dois casos para cada um registrado no público masculino. “A doença celíaca resulta em lesão da mucosa do intestino delgado, levando à má absorção intestinal e suas consequências”, explica Mirra. Segundo ele, a única maneira de flagrar a doença é por meio de biópsia no intestino delgado.

O médico ressalta que, para controlar a doença, o paciente precisa seguir rigorosamente a dieta receitada pelo médico especialista. Caso não tome os cuidados devidos, muitos problemas podem ocorrer – tanto de forma imediata quanto no longo prazo. “A doença ficará em plena atividade, manifestando-se principalmente na diarreia, na distensão abdominal e no déficit no desenvolvimento físico, com perda de peso, desnutrição, anemia e outras complicações que certamente irão surgir futuramente”, afirma o gastroenterologista.

Dentro dessas complicações futuras, está o risco de um problema bem mais sério. “Se o paciente não tomar os cuidados necessários por um bom tempo, há o risco real de desenvolver câncer no intestino. E esse é o maior medo dos pacientes celíacos”, revela Mirra.

Convivendo com a doença

Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1% da população mundial é celíaca. No Brasil, segundo a Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil (Fenacelbra), não há um número concreto de pacientes – muitos sequer têm consciência de que portam a doença. As estimativas, porém, apontam que até dois milhões de brasileiros são celíacos.

Um deles é empresária Hilda Correa, de 50 anos. Ela foi diagnosticada há seis anos e, desde então, convive com a restrição alimentar. “Eu estava com manchas vermelhas na pele e inchada. O médico solicitou exame de endoscopia e [na biópsia] saiu o resultado de doença celíaca. Não posso comer nada de farinha. Dá diarreia, fico me coçando e com dor forte no estômago”, conta.

A empresária revela que a adaptação à dieta foi difícil. Até porque ela tinha o hábito de consumir muitos produtos feitos com farinha. “Nas primeiras semanas, fiquei muito frustrada, pois sempre gostei de comer pão, pizza e outras coisas desse tipo. Agora, quando sinto falta da textura do pão, compro tapioca e polvilho, que vem da mandioca, e eu mesma preparo para não ter contato com a farinha. Minha alimentação é à base de bastante verdura e carne”, explica Hilda, que também enfrentou enjoos e cólicas até se acostumar com a restrição alimentar.

Uma das dificuldades dos celíacos é, justamente, encontrar variedade de produtos especializados, tais como os existentes para diabéticos, por exemplo. Normalmente, são poucos os lugares que comercializam esses produtos – e o preço nem sempre é acessível. “Eu ia atrás dos produtos especializados, mas quase não os encontrava. Então, nos últimos dois anos, desisti e só mantenho a dieta receitada pelo médico”, conta a empresária.

Restrição do glúten só para celíacos

Com as chamadas dietas da moda, muita gente que não sofre com a doença celíaca resolve, simplesmente, cortar o glúten para perder alguns quilinhos e atingir o objetivo de estética desejado. Isso ocorre, geralmente, no verão.  Os especialistas, porém, afirmam que simplesmente eliminar a proteína da alimentação é também um erro – e pode causar problemas a saúde. “As pessoas que cortam o glúten sem ter a real necessidade correm riscos de déficits de vitaminas do grupo B, além de possível déficit de ferro, folato e micronutrientes”, afirma o gastroenterologista Celso Mirra.

Algumas pesquisas apontam, ainda, que cortar o consumo de glúten sem ter intolerância pode elevar os riscos de problemas no coração. Segundo os últimos estudos publicados no periódico científico BMJ, do Reino Unido, na metade de 2017, isso acontece porque essas pessoas deixam de consumir farinhas que foram associadas ao menos risco cardíaco.

Fonte: Simers