O presidente do Sindicato dos Médicos do Espírito Santo, Otto Baptista, esclarece que a rede de Atenção Básica (unidades de saúde) de Cariacica está em completo colapso. Sendo assim, toda a população do Município tem no PA do Trevo de Alto Laje uma válvula de escape para atendimentos ambulatoriais de urgência e emergência num único lugar, incluindo adultos e crianças.
Segundo Otto Baptista, essa situação de caos já é prevista desde a época em que o prefeito Juninho se colocou à disposição para inaugurar a unidade, sem que tivesse estrutura adequada de funcionamento. Neste momento, o prefeito tenta culpabilizar os profissionais por uma tragédia já anunciada. Nesse caso, além dos médicos, são vítimas também os demais trabalhadores da saúde, além dos pacientes e seus familiares.
PEDIDOS DE DEMISSÃO Diante dos pedidos de demissões de cinco pediatras que atuavam no setor pediátrico do PA do Trevo de Alto Laje, o SIMES vem a público esclarecer os motivos reais que levaram aos desligamentos.
Entre eles estão: escalas furadas de trabalho por falta de médicos suficientes para cada plantão; a sobrecarga; a falta de condições de trabalho, incluindo superlotação e o total improviso que transformou o PA em unidade hospitalar sem ser essa sua finalidade, o que coloca os médicos que ali se propõem a trabalhar em completo desvio de função. Também desorganização administrativa e falta de resolutividade do PA, que sofre com a falta de insumos básicos, exames laboratoriais insuficientes e até mesmos problemas para transferência de pacientes.
Além da sobrecarga de trabalho e péssimas condições de trabalho, os médicos e demais profissionais de saúde são vítimas de violência física e psíquica, o que faz com que desistam de trabalhar na unidade.
Há ainda a questão salarial, com a baixa remuneração oferecida aos médicos. Num sistema completamente ilegal, a Prefeitura estabeleceu uma salário-base de R$ 2,5 mil, valor que pode ser aumentado por meio de produção. O prefeito chegou a anunciar na TV que um médico do PA do Trevo ganha até R$ 10 mil. Isso pode até acontecer, mas com o profissional passando por jornadas de trabalho de até 100 horas semanais. Isso é ilegal, e o Sindicato dos Médicos não compactua com isso, explica o presidente da entidade, Otto Baptista.
E completa: a situação chegou a tal ponto que foi inevitável o pedido de demissão. O SIMES prevê que PA do Trevo dificilmente atenderá adequadamente a população até que a gestão revise as condições de trabalho e os contratos precarizados em que não existe uma efetivação, contratos que colocam os médicos em situação de instabilidade. Isso não atrai ninguém.
Para Otto Baptista, não há dúvidas. É preciso que haja uma interferência direta do Ministério Público do Espírito Santo e do Governo do Estado na saúde de Cariacica, uma vez que o prefeito Juninho que prometeu resolver o problema não tem cumprido sua obrigação como gestor numa área tão importante, que é a saúde.
É lamentável o caos na saúde de Cariacica e no PA do Trevo. As promessas feitas de realocação de médicos não foram cumpridas. A denúncia está clara, a mídia tomou conhecimento, a população tomou conhecimento. Parece que os governantes, o prefeito e a secretária de saúde, estão torcendo pela precarização para justificar uma rápida terceirização. O apelo do Sindicato dos Médicos é a intervenção do Estado e do Ministério Público.