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Violência contra médicos é realidade no Espírito Santo e em todo o País
12/09/2018 - 15:38

Como o Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (SIMES) vem denunciando há mais de dois anos, a violência contra os profissionais da Medicina é uma vergonhosa realidade em nosso Estado e também em todo o País. Pesquisa recente realizada pela Associação Paulista de Medicina (APM), por exemplo, revelou, nesta semana, que sete em cada dez médicos já sofreram algum tipo de violência no ambiente de trabalho em São Paulo.

Dos 509 profissionais ouvidos pela APM, 71,12% relataram que foram vítimas de violência. Desse total, 70,87% sofreram agressão verbal, 15,69% agressão física e 12,89% ameaças. Unidades públicas são os espaços onde a violência mais acontece: 41,46% (hospitais) e 29,41% em postos de saúde . Além de 22,41% em unidades particulares e 6,72% em consultórios. Confira reportagem sobre o tema no link https://goo.gl/FfJbyY.

Os números, apesar de relacionados ao estado de São Paulo, também refletem a realidade do Espírito Santo. De acordo com dados do Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (SIMES), a cada semana, pelo menos 12 profissionais são agredidos por pacientes em alguma unidade de saúde capixaba. Os principais motivos estão ligados à superlotação e à falta de estrutura das unidades de saúde. Os relatos de violência abrangem todo o sistema de saúde, mas são mais comuns na rede pública, local em que os pacientes sofrem com a precariedade do atendimento.

Dados do Sindicato revelam ainda que as agressões são mais frequentes nas unidades de saúde localizadas nos municípios da Serra e de Cariacica. Nessas
áreas, a insegurança tem levado muitos médicos a pedir transferências de seus postos de trabalho.

Responsabilidade dos gestores públicos
De fato,  a situação constitui-se um problema crônico da saúde pública que está na conta dos gestores municipais e estaduais. Governadores, prefeitos, secretários estaduais e municipais de saúde - responsáveis em oferecer condições de  trabalho e integridade física e psicológica a seus servidores  e, ao mesmo tempo, saúde de qualidade para os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) - têm sido omissos.

O que se verifica, ao longo dos anos, é a piora do sistema, em vez de melhorias. O resultado: agressões físicas, verbais, psicológicas contra médicos e outros profissionais da saúde, que estão na ponta do sistema, lidando com os usuários do SUS, que, por sua vez, enfrentam longas filas e desassistência. 

Casos em unidades capixabas

Em abril de 2016, o PA de Alto Lage, em Cariacica, por exemplo, foi cenário de quebra-quebra e confusão durante uma semana inteira. Inconformados com o atendimento, pacientes invadiram os consultórios e ameaçaram médicos, que fecharam as portas da unidade e se esconderam dentro dos banheiros.

Na Serra, ainda em 2016, após um jogo da Copa Espírito Santo de Futebol, uma briga generalizada entre torcidas estendeu-se para o interior da UPA Serra Sede. Houve pânico, mães correndo com crianças chorando no colo e um desespero enorme entre pacientes e funcionários.

No ano de 2017, o Sindicato resolveu, então, elaborar uma campanha de comunicação envolvendo toda a imprensa capixaba, mídias digitais, além de
outdoors que foram instalados no município. O alerta foi para que os médicos não aceitassem ofertas de trabalho nas unidades de saúde da Serra. Somente no ano de 2017, entre janeiro e abril, a unidade de saúde de Novo Horizonte sofreu mais de 15 invasões, com furtos e arrombamentos. Violência física a médicos também foram registradas na unidade.

Os médicos agredidos devem fazer o registro da violência e podem contar também com a assessoria jurídica do SIMES. São recomendações:

1º - Registrar o fato na própria Instituição por meio de comunicação por escrito ao Diretor e/ou Coordenador.
2º – Anotar os dados do paciente agressor, bem como dados de testemunhas que presenciaram os fatos.
3º - Lavrar Boletim de Ocorrência, informando os dados do paciente agressor e de testemunhas, bem como realizar exame de corpo de delito, no caso de ter ocorrido violência física.
4º - Quando o médico for agredido verbalmente também deve ser lavrado o Boletim de Ocorrência, informando os dados do agressor e de testemunhas.
5º - Após registrar o fato na instituição, deve-se o médico agredido encaminhar o paciente a outro colega.
6º – Também notificar os fatos ocorridos ao SIMES.