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Incompetência de gestão expõe médicos da Serra e Vitória
27/06/2018 - 11:55

Médica residente em pediatria atende paciente com arma de fogo apontada para sua cabeça em São Pedro, Vitória; mulher desfere socos no rosto e na parte superior cabeça de médica que atendia seu filho, na UPA Serra Sede; na homem ameaça de morte médico após atendimento e, não satisfeito, agrediu fisicamente o profissional antes de deixar o consultório, na mesma unidade de Serra Sede. Não são histórias de ficção, são casos concretos com boletins de ocorrência registrados na Polícia Civil em um intervalo de 20 dias, desde o último dia 30 de maio.

Curiosamente, os municípios violentos e sem condições de trabalho para os médicos, onde os esforços das gestões municipais deveriam buscar formas de conferir segurança para os prestadores de serviço na saúde, fazem, justamente, o contrário. Instalam painéis que expõem o médico e limitam seu tempo para realização de um atendimento e acompanhamento digno aos seus pacientes. O município da Serra, o mais violento do Estado e um dos mais violentos do Brasil, levará esse histórico para dentro das Unidades de Saúde, a exemplo da capital Vitória - município onde, a menos de um ano, uma médica foi assassinada após sair de um hospital federal.

As duas cidades são um exemplo da má gestão na saúde e do descaso com os profissionais de saúde em nossos municípios. Alegam não ter recurso para proteger os profissionais que carregam um sistema de saúde quase falido, mas ostentam o dinheiro público em painéis eletrônicos espalhadas pelas unidades de saúde municipais, incentivando a violência contra os médicos através da exposição de seus nomes, tempo de atendimento regressivo e documentos de identificação médica.

De onde sairá o dinheiro? Não podemos esquecer que, no caso da Serra, há pouco mais de um ano, a gestão cortou na metade salários de médicos, enfermeiros, professores e diversos servidores públicos alegando falta de recurso para viabilizar a administração pública municipal. Quando deveriam buscar segurança e condições de trabalho para melhorar o atendimento aos pacientes, a Prefeitura da Serra prefere transferir a responsabilidade de sua péssima administração para uma eventual troca de plantão ou acompanhamento de pacientes.

Jogar a população contra o médico parece praxe quando a incompetência impera na carreira política dos gestores municipais, onde um voto vale mais que uma vida - seja de um paciente ou de um servidor público.