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Simes se posiciona contra o deputado estadual Bruno Lamas
24/04/2018 - 18:39

O Deputado Estadual Bruno Lamas (PSB) entrou com ação anulatória na Justiça Federal para tentar reabrir as escolas de medicina no país. O parlamentar esteve com a procuradora da República Elisandro Olimpo para explicar seu posicionamento e os motivos que o levaram a ingressar com a ação. Segundo o deputado, não houve debate com a população ou com as entidades representativas da categoria médica e, também, a falta de mão de obra, ou seja, de profissionais médicos em nosso Estado.

De fato, para formar tal opinião, o parlamentar dificilmente debateu com a classe médica e sequer buscou informações sobre a quantidade de profissionais de medicina no Estado ou no país. Em um dado recente levantado pelo Simes, entre 2013 e 2015, o Brasil saltou de 148 para 349 faculdades de Medicina. São duas centenas de escola que, por ano, formar mais de 35 mil médicos em âmbito nacional. Em dez anos, 350 mil profissionais; em 40 anos, mais de 1 milhão de médicos formados.

Trazendo o cenário para o Estado do Espírito Santo, são 9.645 médicos para atender uma população de 4 milhões de habitantes, o que representa uma proporção de 2,40 profissionais por mil habitantes, conforme levantado pela USP em pesquisa demográfica médica realizada em 2018. Os médicos especialistas são 67,9% do total de profissionais, contra 32,1% generalistas, o que dá uma razão de 2,12 especialistas para cada generalista. Ou seja, os médicos estão aqui, precisando de trabalho, porém, com as devidas condições e salários dignos, o que não é a realidade dos municípios do nosso Estado, principalmente nas unidades de saúde da Região Metropolitana.

Com um mínimo de conhecimento com a saúde pública, o que o Deputado Bruno Lamas escancara sua ignorância, qualquer pessoa pode perceber que o problema do sistema de saúde pública está na gestão, não na quantidade de médicos. Não existem condições de trabalho para atender à demanda da população, existem escalas furadas, salários miseráveis para os padrões nacionais conforme o piso da categoria, falta de materiais hospitalares e de segurança levando o médico a um convívio diário de violência contra sua atuação nas unidades municipais. Enquanto não houver melhora nas condições de trabalho para os médicos, dificilmente esses postos de trabalho estarão ocupados para atender a população.