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Hospital tem crianças internadas no chão e em leitos improvisados no ES
08/03/2018 - 13:03

Fonte: G1, ES

Bebês e crianças internadas dormindo em leitos improvisados em cadeiras e até no chão. Essa foi a situação encontrada na manhã desta quarta-feira (7), no Hospital Estadual Infantil e Maternidade de Vila Velha (Heimaba), segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Saúde no Estado do Espírito Santo (SindSaúde-ES).

A coordenadora de enfermagem do Heimaba, Desirèe Seide, explicou que não tem conhecimento desse tipo de situação e que ainda vai analisar as fotos. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que o hospital passa por melhorias diárias.

A presidente do sindicato, Geiza Pinheiro Quaresma, explicou que recebeu as fotos de acompanhantes de pacientes, revoltadas com a superlotação. O G1 manterá o sigilo das identidades delas. A situação foi confirmada pelo sindicato.

Em uma das imagens é possível ver crianças e acompanhantes dormindo no chão, cobertas com um lençol onde está escrito "Heimaba". Uma delas está até com um soro no braço. Outra foto mostra uma cama improvisada com cadeiras, onde está uma criança pequena dormindo, também com soro. A terceira foto mostra o corredor do hospital.

"Temos funcionários do hospital que são do sindicato e relatam que se deparam com essa situação frequentemente. Não tem leito para todos e isso piorou de uns tempos para cá, depois que o IGH assumiu. É desumana a situação", explicou Geiza.

A presidente do sindicato fez referência ao Instituto de Gestão e Humanização (IGH), uma Organização Social (OS) privada sem fins lucrativos que presta serviços terceirizados ao governo do Espírito Santo e assumiu a gestão do Heimaba em 1º de dezembro de 2017. Geiza contou que o SindSaúde já fez denúncias sobre essa situação ao Ministério Público Estadual.

"Quando aconteceu essa terceirização, a promessa do governo era de que tudo melhorasse, mas piorou. Já questionamos isso ao governo várias vezes, a IGH não tem a mínima condição de prestar o atendimento correto. Eles também estão devendo a fornecedores, têm processos, não são limpos. A situação é alarmante", falou.

Famílias

A reportagem foi até o Heimaba, mas não foi autorizada a entrar. Do lado de fora, conversou com famílias de crianças internadas.

A cozinheira Alessandra Barreto está acompanhando a filha, que fez uma cirurgia no apêndice. Ela contou que durante três dias, nenhum médico passou para vê-la depois da operação.

"Minha filha passou três dias sem que o médico passasse lá, com o mesmo prontuário desde o dia que ela internou. E ainda por cima, quando a gente chegou aqui, com minha filha passando mal, ela só foi atendida porque eu fiz um barraco. Ela quase morreu, já estava com o apêndice estourado. Fora que atendimento pós cirurgia também está horrível, você tem que correr atrás dos enfermeiros pedindo ajuda, eles não oferecem o atendimento correto. É uma situação horrível", contou.

A filha do motorista Rafael Barcelos tem um ano e cinco meses. Ele contou que os dois passaram a noite em cadeiras, no corredor do hospital.

"Estávamos no corredor, sentados os dois na mesma cadeira, passamos a noite assim. Tinha uma maca lá que ninguém estava usando, mas também não colocaram nenhum paciente lá, eu mesmo que tive a iniciativa de limpar ela e colocar minha filha deitada lá. Isso é um descaso, se fosse filha de algum médico, garanto que não estava assim. Estamos abandonados", desabafou.

Outro lado

A coordenadora de enfermagem do Heimaba, Desirèe Seide, explicou que não tem conhecimento sobre pacientes internados no chão e em leitos improvisados em cadeiras de plástico, e também que ainda não analisou as fotos divulgadas pelo sindicato.

"Vou procurar saber o que aconteceu para evitar que essas coisas aconteçam. A situação da superlotação já está sendo corrigida, a cada dia tentamos melhorar isso. Estamos com uma demanda muito grande por causa de crianças com doenças respiratórias, como bronquiolites, asma", explicou.

Desirèe também explicou que haverá aumento do número de leitos e contratação de mais médicos, mas não deu prazo para isso.

Por nota, a Sesa informou que "já foram abertos 34 leitos na unidade, desde que o Instituto de Gestão e Humanização assumiu a gestão do hospital".

Contrato

Quando a IGH assimiu a gestão do Hospital Infantil de Vila Velha, a Secretaria de Estado da Saúde divulgou que foi assumido um contrato com a Organização Social.

O contrato de gestão estabelece metas e prazos a serem cumpridos; indicadores de qualidade e de produtividade; determina a transparência das demonstrações financeiras; planejamento e repasses financeiros vinculados ao cumprimento de metas. O monitoramento do contrato de gestão ficará por conta da Sesa, que fará o acompanhamento e a fiscalização da execução das metas, dos resultados e da melhoria do atendimento ao cidadão.

O contrato com o IGH terá vigência de cinco anos, e periodicamente a organização social deverá apresentar relatórios comparativos entre metas e resultados alcançados (metas qualitativas trimestralmente e metas quantitativas semestralmente).

A Sesa repassará um total de R$ 76.180.076,09 para a operacionalização do serviço nos primeiros 13 meses de contrato. O recurso será usado para custeio (R$ 75.880.076.09) e para investimento (R$ 300 mil).

Entre as principais vantagens da administração por OS estão: satisfação dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS); otimização dos recursos e redução de custos; qualidade dos serviços ofertados; avaliação de desempenho: ênfase nos resultados; maior autonomia administrativo-financeira; flexibilidade para contratação de pessoal; facilidades nas aquisições; conservação do patrimônio gerando economicidade; financiamento definido no orçamento público e autonomia gerencial dos serviços.