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Pacientes esperam até 3 anos por consulta
19/01/2018 - 17:06

A costureira Maria Nilcéia Nascimento há três anos esperava por uma consulta de oftalmologista no Centro Regional de Especialidades, o CRE Metropolitano. A resposta positiva à demanda só veio na última semana. Aos 60 anos, ela tem um problema de visão e, com a demora, teve que pagar uma consulta particular para saber se precisaria trocar de óculos. Vários pacientes passam pela mesma situação de longa espera no CRE, inclusive em especialidades como cardiologia.

"Em 2015, eu dei entrada. Só agora que fui chamada, mas eu já tinha feito tudo no particular. Inclusive, tinha comprado os óculos. É muito longo o tempo de espera, ainda mais que eu tenho diabetes", lamenta.

A situação também foi descrita em nota publicada na coluna Leonel Ximenes de ontem, em A Gazeta. Depois de muitos desmaios, em 2009, a doméstica Eliana Maria Louret, 44, deu entrada para se consultar com um neurologista. Mas só em 2012 conseguiu uma vaga, quando soube que tinha um coágulo no cérebro. Agora, ela já espera há mais de um ano para voltar ao especialista.

"Já estou sem remédio por causa da consulta que está demorando. Demora demais. O médico pediu urgência, para voltar em 90 dias, mas já tem mais de um ano e ninguém me chamou. Na primeira vez, quando demorou três anos, eu nem lembrava mais que tinha pedido consulta com o neurologista", disse.

O CRE Metropolitano atende a Grande Vitória e outras cidades do interior do Espírito Santo, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa). Todas as solicitações de consultas são feitas pelos municípios.

AUTORIZAÇÃO
Há mais de dois anos, a comerciante Maria do Carmo da Silva, 62, recebeu recomendação de fazer exercícios físicos, por causa do reumatismo. O problema é que ela precisa de autorização do cardiologista, e conseguiu uma consulta só no ano passado. Agora, ela terá que esperar os exames para depois retornar e receber a autorização.

"Eu sou hipertensa e preciso fazer atividade física. Estou sem os exames e sem fazer exercícios. É muito demorado e quando sai a consulta a gente já morreu, o que aconteceu com minha vizinha."

Secretaria: demora não é comum

A subsecretária de Estado da Saúde, Joanna de Jaegher, afirmou que demoras na espera por consulta não são comuns no Espírito Santo.

"Essa demora aqui não é uma coisa que acontece muito. Alguns fatores podem contribuir para esse atraso. A unidade básica de saúde não tem contto direto com as especialidades, isso já demanda um certo tempo, e muitas vezes o paciente não consegue comparecer na data marcada".

"No CRE Metropolitano são ofertados, por ano, 720 mil procedimentos entre consultas e exames. 36,6% dos pacientes não comparecem às consultas. Não podemos culpar os usuários, imprevistos acontecem", diz.

Para tentar otimizar o atendimento e corrigir os problemas causados pelas filas de espera, a subsecretária afirmou que estão sendo realizados treinamentos em todas as unidades de atenção primária.

Prefeituras repassam pedidos ao governo

Todos os pedidos de especialidade vão para um sistema nacional, em que as prefeituas cadastram as solicitações, mas antes é feita uma análise dentro dos próprios municípios. No caso de Vitória, a prefeitura tem um sistema próprio de regulação. Quando um paciente solicita uma especialidade, o médico faz o cadastro no sistema municipal e uma análise acontece antes do pedido ir para Sesa.

Segundo a gerente de Regulação, Controle e Avaliação, andréa Alves, não é possível dizer o tempo máximo que esse pedido fica com a prefeitura, mas que, nos casos de prioridade imediata, o máximo são 30 dias.

No caso de Cariacica, a prefeitura disse, em nota, que o prazo para qualquer inserção de solicitação de consulta com especialidade ou exame especializado é de 30 dias. Da mesma forma que Vitória, existe uma central de regulação.

OFERTA
Por nota, a prefeitura de Vila Velha afirmou que, como não tem serviço próprio de especialidades, depende da oferta do Estado.

"O município tem cerca de 400 consultas de oftalmologia agendadas pela Regulação Estadual, mensalmente. A demanda é mais que o dobro da oferta e não se consegue atender ou equilibrar esta demanda, com o quantitativo disponibilizado pelo Estado", disse.

Já a prefeitura da Serra disse que não há demora nas solicitações realizadas pelo município. Em nota, no entanto, não explicou o tempo máximo de espera.

De acordo com a prefeitura, aopis a consulta médica, no caso de haver encaminhamento para exame ou consulta com especialidades, o paciente solicita a marcação na própria unidade onde consultou, no mesmo dia. "O pedido é inserido automaticamente em um sistema para avaliação do quadro clínico e nível de urgência, e a solitação é enviada para a regulação do Estado, que é a responsável pela disponibilidade das vagas para especialidades."

Fonte: Jornal A Gazeta