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Cariacica: 50 médicos se demitem em 2 meses
23/11/2017 - 14:23

O PA de Alto Lage é um dos locais com ponto eletrônico


Crise na saúde. Número representa quase 25% do total de profissionais no município. Prefeitura diz que demissões começaram após instalação de ponto eletrônico. Já o Sindicato dos Médicos alega que problema são os baixos salários.

Um impasse entre a prefeitura de Cariacica e o Sindicato dos Médicos está prejudicando o atendimento à população no município. Mais de 50 dos cerca de 210 médicos que atendem nas unidades de saúde e nos prontos-atendimentos pediram demissão desde outubro, após implantação de um sistema de ponto eletrônico determinado pelo MPF (Ministério Público Federal). O sindicato alega que o problema não é a instalação do ponto, mas o baixo salário e as más condições de trabalho. O salário-base para carga horária de 20 horas semanais é de R$ 2.475,00, além de adicionais de insalubridade, tíquete alimentação e gratificações, que podem fazer o valor chegar a R$ 10.665,00 para plantonistas, diz o município. Na última segunda-feira, a doméstica Natalina Ferreira Soares, de 77 anos, procurou atendimento na unidade de saúde de Itaquari, mas não conseguiu. Um cartaz na porta da unidade avisava sobre a falta de profissionais. “É a primeira vez que isso acontece comigo aqui. Agora, o jeito é caminhar, procurar em outro lugar”, disse, em entrevista à TV Capixaba.A vice-presidente da associação de moradores de Itaquari, Adriana Endlich, afirma que se reuniu com o prefeito há cerca de15 dias e que foi prometida a contratação de novos médicos. "Mas nada foi feito. Dá uma sensação de impotência.”
Novas regras

A secretária municipal de Saúde em exercício,Ana Paula Magalhães, admite a falta de médicos e diz que está sendo feito remanejamento os profissionais para garantir os atendimentos. O ponto eletrônico será implantado para todos os servidores até 2018 e começou pela Secretaria de Saúde,a pedido do MPF, em setembro.Ana Paula Magalhães acrescenta que, para“estimular” os médicos a permanecerem na rede, foi criada uma gratificação para quem cumprir a carga horária, fizer o registro de ponto e atender a uma quantidade mínima de pacientes por período. Os valores vão de R$ 700 a R$ 900 por semana. “A gente entende o descontentamento da categoria e o fato de muitos terem mais de um vínculo empregatício, mas muitos preferiram sair ainda assim”, afirma.Ela explica, ainda, que vai realizar novo processo seletivo para contratar médicos e que a situação deve se normalizar até o início de janeiro. “Os novos profissionais vão entrar já cientes das condições e das gratificações pagas, e acredito que haverá interessados”, afirma.

Categoria

Menor salário e sobrecarga’
O advogado do Simes (Sindicato dos Médicos do Estado),Luiz Télvio Valim, nega que os médicos tenham pedido demissão por causa da instalação do ponto eletrônico e reclama dos baixos salários pagos à categoria.“Cariacica paga o menor salário da Grande Vitória. Vínhamos negociando reajuste com a prefeitura, mas chega um limite de sobrecarga de trabalho e de precarização do serviço que não dá para continuar. Pague os médicos bem e de forma digna que vai haver interessados”, diz. Télvio explica que a categoria é a favor do ponto eletrônico. “Somos a favor da legalidade em qualquer relação de trabalho. A prefeitura quer mascarar uma situação e colocar o problema na conta do médico.”


Fonte: Jornal Metro (23/11/2017)