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Número de processos para conseguir atendimento no SUS quadruplica nos últimos 5 anos no ES
29/09/2017 - 14:22

O número de processos judiciais contra a Secretaria Estadual de Saúde do Espírito Santo quadruplicou nos últimos cinco anos. Isso por causa das dificuldades em conseguir atendimento no SUS.

É o caso do analista e suporte de TI Roberto Rigo, que precisou entrar na Justiça duas vezes para conseguir atendimento de saúde para a mãe dele. Ela sofreu um AVC hemorrágico e teve complicações por causa da demora no atendimento.

"Ela chegou com os sinais vitais normais, movimentos normais, mas por conta do não atendimento, ela ficou na enfermaria por quatro dias e teve complicações na fala, nos movimentos. Hoje ela não anda mais", disse.

Faltam também medicamentos para pacientes com câncer. Desde agosto, crianças e adolescentes estão sem fazer a quimioterapia de forma correta por causa da falta do remédio dactinomicina.

A mãe da paciente Ana Luíza Guidoni, de 9 anos, contou que a família teve que pagar R$ 9 mil por nove doses do medicamento para a menina. “É uma das situações mais difíceis para a gente como pais. Muitas crianças morrem não só por causa da doença. Essa falta acarreta exatamente em um fim trágico desse jeito”, lamenta.

A Defensoria Pública Estadual entrou com uma ação na Justiça para tentar resolver essa situação. "Há casos em que a criança acabou de ser diagnosticada e iria começar o tratamento e não vai poder, por ausência do medicamento. E há casos também da criança que estava na última sessão de quimioterapia e não pôde fazer porque o medicamento acabou", explicou a defensora pública Thaiz Onofre.

Por causa de casos assim, milhares de brasileiros entram na Justiça para conseguir que o direito à saúde seja cumprido. No fim do ano passado eram mais de R$ 1,3 milhão de processos em todo o país. No Espírito Santo, o número de processos judiciais contra a Secretaria Estadual de Saúde cresceu 350% de 2011 a 2016.

O assunto foi tema do 5º Congresso Brasileiro Médico e Jurídico, que começou nesta quarta-feira (27). O secretário de Saúde disse que não sabe porque houve um aumento no número de processos contra o Estado, já que na visão dele, o serviço de saúde foi maior que o crescimento da população.

"Estamos tentando entender esse fenômeno, que é um fenômeno novo. Nós tivemos um crescimento de população de 12% e de oferta de medicamento de 198%, de consultas especializadas de 54%, de exames em 30%", disse.

Um dos problemas apontados no Congresso é a falta de uma gestão mais eficiente. "O cidadão não encontra o serviço que o Estado se comprometeu a entregar, serviço básico de saúde. Não encontra vaga de internação, vaga de consulta, espera mais de um ano em uma fila para cirurgia de urgência. As pessoas estão morrendo por causa dessa demora", falou a vice-presidente da Comissão de Direito da Saúde e Terceiro Setor da OAB/ES, Clenir Avanza.