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SIMES emite nota de repúdio às declarações do Ministro da Saúde
13/07/2017 - 19:37

Nos últimos anos, a saúde no país tem protagonizado os piores ataques à categoria médica e os demais servidores públicos da área da saúde. O verdadeiro caos instalado no sistem a de saúde nas últimas décadas expõe a incapacidade dos gestores em todos os níveis, seja municipal, estadual ou federal, de prestar um serviço de qualidade à população. Hospitais sucateados, estruturas, que deveriam ser unidades de saúde municipais, inacabadas ou em desuso, ataques à categoria médica, através de programas eleitoreiros de governo e, sobretudo, transferência da responsabilidade pela ineficácia do SUS em todo o país.

É notório e de conhecimento público que a máquina pública atravessa grave crise. Gestores têm se utilizado do péssimo momento econômico que se instala em todos os níveis para cortar gastos e justificar seus insucessos de forma planejada. Usam as contas de gestões anteriores para prever um futuro negativo, afinal, essa é a base argumentativa para negar as melhorias de que o povo tanto precisa, seja na educação, na saúde pública ou em qualquer outra pasta essencial para o bem-estar social. 

O Ministro da Saúde Ricardo Barros, claramente, não se abstém dessa prática e joga pra cima dos médicos a responsabilidade por sua incompetência. Sua forma de gerenciar suas crises é uma vergonha para o povo brasileiro. Não nos esquecemos da sua tentativa frustrada de transferir para a iniciativa privada a responsabilidade pelo atendimento do SUS, com o seu famigerado ''Plano de Saúde Acessível'', que, basicamente, consiste em um plano de saúde barato e popular sem a cobertura dos requisitos mínimos determinados pela Agência Nacional de Saúde (ANS).

Dessa vez, o Ministro foi ainda mais infeliz em uma colocação, afirmando que, enquanto o Governo finge que paga os salários, ''o médico finge que trabalha''. A categoria médica sofre todos os dias pela má gestão do serviço público de saúde, seja com escalas sobrecarregadas de trabalho, seja com a falta de material hospitalar para atender seu paciente, seja em condições de trabalho que, literalmente, se assemelham a cenários de guerra. Com todos esses contrapontos, o médico continua na ponta, exercendo sua função, honrando seu juramento pela vida humana. 

Médico não é político, não tem controle sobre os gastos da área da saúde, não pode corrigir todos os erros que se iniciam na corrupção e na podridão que afligem o país. A única atuação que está ao alcance do profissional de medicina é o atendimento ao seu paciente. Médicos e toda a população sofrem juntos com a incompetência dos nossos políticos, eleitos ou não, que estão à frente da pasta da Saúde Pública. São estes, e, apenas estes, os responsáveis pela vergonhosa atuação do governo para com o seu povo. Nós, da classe médica, fazemos parte do povo que sofre com esse descaso.