Conforme noticiou o jornal A Gazeta, com outdoors pela cidadee mensagens na internet, o Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes) faz uma recomendação polêmica aos profissionais da categoria. O alerta é para que eles não trabalhem em unidades de saúde na Serra. Violência e falta de condições de trabalho são os motivos apontados pelo presidente do sindicato, Otto Fernando Baptista, para a iniciativa, que começou nas redes sociais e chegou aos outdoors. É uma terra sem lei. Segurança pública por parte do município é inexistente. E a situação piorou drasticamente nos últimos seis meses, diz.
Segundo Baptista, os médicos estão desassistidos de vigilância patrimonial e armada nas unidades de saúde. O presidente cita um exemplo de frase ouvida por um profissional: Se você não me der a receita que eu quero, você não volta mais aqui. Eles riscam carro, quebram retrovisor..., afirma. Ainda de acordo com o presidente do sindicato, todo mês, de 7 a 12 médicos pedem para sair do trabalho no município. E quanto mais periférico for o local, ais vulnerável o médico está. Na UPA da Serra e de Carapina, a estrutura está toda arrebentada. São invasões quase que diárias.
A Unidade de Pronto-Atendimento de Carapina (UPA) e a Unidade Regional de Saúde de Novo Horizonte são apontadas por Baptista como os locais mais violentos. A gente está recomendando que o médico não trabalhe na Serra. O município está pegando o médico incauto, jovem. Além de ter contratos precarizados, são expostos plenamente a esse tipo de violência. O sindicato tomou a iniciativa de colocar isso estampado.
Após a campanha do Sindicato dos Médicos, o presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), Carlos Magno Pretti Dalapicola, disse que além da insegurança, um projeto de lei provado no município é outro motivo de insatisfação da categoria. A gente entende a posição do sindicato e dos médicos, mas não dizemos: Largue o seu plantão. É fácil constatar que os médicos são agredidos várias vezes física e verbalmente. Principalmente UPAs e PAs. Existe uma vigilância patrimonial e não de segurança. A patrimonial não deixa roubar, mas não interfere em agressões verbais, por exemplo, explica o médico. Houve uma perda salarial e eles estão demandados por uma procura maior de onde de fato existe o problema, em UPAs e PAs. Os médicos estão largando a atividade em UPAs e PAs. A prefeitura tinha que sentar com os servidores e conversar. A tendência que a gente vê é de piora, diz Carlos Magno.
Prefeitura diz que há segurançaA subsecretária de Saúde da Serra, Cristiane Stem, falou que as UPAs e maternidades do município possuem segurança armada 24 horas, sete dias da semana e prometeu que o serviço será ampliado. Sobre a UPA de Carapina e a Unidade Regional de Saúde de Novo Horizonte, a subsecretária afirmou. O problema de segurança pública não é único do município da Serra e, mesmo sendo responsabilidade do Governo do Estado, o município implantou a guarda municipal armada, que tem atuado junto com a PM para garantir a segurança da população e dos servidores.
Cristiane afirma que a prefeitura tem feito contratações para ampliar a oferta de serviço de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem. Em relação à saída de profissionais por conta da insegurança, a subsecretária diz que nenhum pedido de exoneração feito relata que a saída foi por falta de segurança. As exonerações são para residência médica ou para assumir o programa Mais Médicos, cujo o edital foi publicado no mês de maio, afirma a subsecretária.