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Faltam vagas para crianças com câncer no Hospital Infantil
10/05/2017 - 14:40

Foto: AJARI TAEKO/FOTO LEITOR

Conforme divulgou o jornal A Gazeta, o medo de que os filhos com câncer não consigam um tratamento adequado motivou um grupo de mães a fazer um abaixo-assinado para conseguir leitos de  internação no Hospital Infantil de Vitória. De acordo com elas, não há mais vaga na enfermaria oncológica desde o último sábado, dia 6.

Segundo relatos, as vagas de internação só surgem quando outras crianças morrem. As crianças que precisam de internação estão sendo acomodadas em outras áreas do hospital, como a sala de isolamento, destinada a pacientes com alguma doença contagiosa e a ortopedia.

Além da falta de leitos, as crianças em tratamento ainda enfrentam atrasos de até 30 dias para o início da quimioterapia e, recentemente, não há mais médico oncologista de plantão nos finais de semana após às 13h de sábado. Todos esses problemas viraram o drama da vendedora Ajari Taeko, conhecida como Tay, que abandonou o trabalho em junho do ano passado para se dedicar a filha Tatsumi, de 10 anos, diagnosticada com leucemia linfoide aguda.

Há um ano mãe e filha passam longos períodos no hospital e sempre encontram dificuldade para conseguir internação. No último sábado, a filha da vendedora teve febre e precisou ir ao Pronto Socorro. A médica achou melhor interná-la. Sem vaga, Tatsumi ficou na sala de isolamento, com mais duas crianças em tratamento de câncer. Segundo Tay, a vaga na enfermaria oncológica só seria liberada na noite de ontem, pois duas crianças faleceram no final da manhã de ontem.

LEITOS

A vendedora também denuncia que faltam leitos na UTI. Ela afirma que muitas mães temem perder os filhos por falta de atendimento adequado, já que mesmo em estado grave, leva-se um tempo até que a vaga seja disponibilizada. “São seis leitos de UTI para todo hospital. Então, não existe possibilidade de vaga. Os piores ficam sem vagas, os menos graves, eles aguardam ficar mais grave para levar para UTI . Às vezes, eles só vão para a UTI para morrer”.

A lavradora Marlene Trabach também luta para conseguir um leito adequado para o filho Alan. Com febre e com dor, recebeu o remédio sentado numa cadeira de plástico por falta de vagas na área de oncologia. “Ele falou que estava muito tumultuado e não poderia colocar gente da oncologia junto no Pronto Socorro, não queria atendê- lo. Quando eupedi uma maca, a enfermeira falou que não podia. É muito descaso”, comenta. Para evitar problemas como esses, as mães fizeram um abaixo-assinado para garantir atendimento adequado no Hospital Infantil de Vitória. (Com informações de Eliana Gorritti / TV Gazeta).

Transferências serão providenciadas

A direção do Hospital Estadual Infantil de Vitória informou que as transferências para a oncologia estão sendo providenciadas. O hospital é o único no Estado  que presta este serviço, não há como transferir para outra unidade. “O oncologista está presente no fim de semana e feriado e acompanha os pacientes que estão  internados na enfermaria”, diz nota. Com a transferência do pronto-socorro para Bento Ferreira, a estrutura de Santa Lúcia servirá de retaguarda para a emergência. O local onde hoje funciona o pronto-socorro passará por reforma para ampliar capacidade.

CRM e Sindicato dos médicos pedem melhorias


O presidente do Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES), Carlos Magno Pretti Dalapicola disse que a falta de vagas é um problema antigo do Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória devido a falta de espaço físico. Ele aponta que colocar uma criança que faz tratamento oncológico junto com outras pode trazer prejuízos. “A superlotação é  uma situação recorrente em todas as áreas, inclusive na área oncológica, no entanto, elas precisam ficar numa área separada para não trazer riscos à saúde. A quimioterapia abaixa  a imunidade e ter contato com outras crianças pode gerar uma infecção cruzada, onde uma criança contamina outra criança, por exemplo”, comenta.

MUDANÇA
O presidente da Federação Nacional de Médicos (Fenam) e do Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes), Otto Fernando Baptista afirma que a situação do hospital já foi  denunciada pelo sindicato. Ele acredita que o problema só irá se resolver em parte com a mudança do prontos ocorro para o HPM.

''As crianças estão vivendo numa situação que atinge a dignidade. A mudança resolveria temporariamente o problema, porque existe uma ligação umbilical que não pode ser interrompida do pronto socorro com as enfermarias. Crianças precisam de parecer de pediatras que estão nas enfermarias. A solução mesmo é ampliar o espaço para absorver todas as crianças'', diz.

Fonte: Jornal A Gazeta