Em visita ao Espírito Santo ontem, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, anunciou o repasse de R$ 43,7 milhões para a saúde pública do Estado. Os valores serão aplicados em atividades do Sistema Único de Saúde (SUS) que estavam em funcionamento sem a contrapartida federal, como o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e laboratórios de próteses dentárias. Além disso, outros R$ 1,5 milhão serão encaminhados para a reforma do Hospital Infantil. Apesar do repasse, os valores ainda não são nem 50% do que o governo federal deveria passar, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) informou à Rádio CBN Vitória. De acordo com o órgão, R$67,1milhões ainda continuarão sendo empregados pelo Estado para manter os hospitais São Lucas, Jayme Santos Neves e Central. ''A partir agora, os serviços terão nossa contrapartida anual e de forma permanente”, afirmou o ministro. Em julho do ano passado, o governador, Paulo Hartung, disse que o Espírito Santo estava pagando, há dois anos, contas de Saúde que seriam de responsabilidade do governo federal. Segundo ele, o débito, na época, era de R$ 114 milhões. O titular da pasta no Estado, secretário Ricardo de Oliveira, disse que continua reivindicando no mínimo 50% do que ainda deve ser repassado pela União. “O governo do Estado tem custeado um volume muito alto de responsabilidade do Governo Federal. É o terceiro Estado que mais coloca recurso próprio em saúde. Chegamos a financiar 19% da receita líquida do Estado”, declarou.

INFANTIL

O ministro anunciou também que o Hospital Infantil de Vitória, unidade que visitou ontem, receberá R$ 1,5 milhão em verbas oriundas de emenda parlamentar para reforma do pronto-socorro. Ricardo Barros disse que o local tem deficiências. “Nós precisamos estruturar melhor esse serviço, que tem profissionais de altíssima qualidade, mas que a instalação física precisa de melhorias. Então, há um esforço da bancada do Estado para ampliar o Hospital. Mas no momento dispomos de R$1,5 milhão para reformar a unidade de emergência”, explicou. Sobre a verba para o Hospital Infantil, o secretário disse que o dinheiro não resolve todos os problemas do hospital, mas já é um início. Outras medidas devem ser anunciadas pela Sesa para a unidade, mas o secretário não quis adiantar. (Com informações de Carla Sá)

Déficit histórico de leitos de UTI

Entre os serviços que irão receber os recursos anunciados ontem pelo ministro, está a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que, há anos, no Espírito Santo, possui um grande déficit. Para desafogar a demanda, o governo do Estado aluga leitos em hospitais particulares, mas ainda assim é comum que pacientes fiquem dias aguardando uma vaga em UTI. No Hospital de Urgência e Emergência São Lucas, em Vitória, por exemplo, em outubro passado, foi feita uma denúncia de que a sala para realização de pequenas cirurgias estava ocupada por pacientes que deveriam estar em leitos de UTI. Na época a unidade funcionava nos fundos do Hospital da Polícia Militar (HPM), em Bento Ferreira. Em dezembro, o hospital passou a fazer o atendimento de urgência e emergência no Forte São João. De endereço e estrutura novos, a unidade conta agora com 210 vagas, sendo 35 leitos de pronto-socorro, 40 de UTI, 14 de semi-intensivos e 121 leitos clínicos. Em 2015, o déficit de leitos de UTI no Estado era de 405. Mas levantamento divulgado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) no ano passado mostrou que entre 2010 e 2015, o Estado ganhou mais 115 leitos no geral, passando de 5.470 para 5.585.