''O problema da saúde brasileira não é falta de dinheiro, é orçamentário. Há um esforço muito grande para fazer as mudanças, mas as resistências são grandes'', afirmou ontem o ministro da Saúde, Ricardo Barros, após se reunir com a bancada capixaba e o governador do Estado, Paulo Hartung. O ministro se referia à dificuldade de vencer a burocracia do próprio governo, e a resistência de outros ministérios em perder recursos para a sua pasta. ''É um momento difícil para o Brasil, mas vamos colocar o País nos trilhos'', disse o ministro.

A reunião durou menos de uma hora e o ministro anunciou a liberação de R$ 15 milhões para credenciamento de novos procedimentos em hospitais do Estado. Ele disse que outros R$ 35 milhões poderiam ser liberados, porém estava impedido por falta de previsão no Orçamento. ''Temos o dinheiro, mas ele não está previsto no Orçamento'', justificou. O secretário de Estado da Saúde, Ricardo de Oliveira, explicou que o governo do Espírito Santo está destinando 19% da sua receita para financiar ações civis de Saúde. ''Estamos chegando a um limite insuportável e o Estado não aguenta financiar uma conta desse tamanho'', desabafou.

O coordenador da bancada capixaba, deputado Marcus Vicente (PP), lembrou que, constitucionalmente, o Estado deveria aplicar 12%, enquanto a média nacional é de 14%. Também participaram da reunião seis deputados federais e a senadora Rose de Freitas (PMDB) Rose reiterou a falta de verbas para os hospitais capixabas: ''A gente tem de entender que a crise afetou todo mundo, mas vamos buscar os recursos que nos são devidos'',  disse.

O presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Espírito Santo, Luiz Nivaldo da Silva, comemorou a liberação da verba, mas frisou que o recurso vai ser usado para cumprir obrigações em execução. ''Em princípio, é um dinheiro de custeio para atividades que já estão sendo desempenhadas. É para colocar em dia as pendências, o que é muito importante'', disse.