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Por semana, 12 médicos são agredidos em hospitais
20/10/2016 - 16:53

Agressões físicas, depredações e ameaças. A missão de salvar vidas tem se tornado cada vez mais perigosa para os médicos. A cada semana, pelo menos 12 profissionais são agredidos por pacientes no Estado, segundo o Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes). Os principais motivos estão ligados a superlotação e falta de estrutura das unidades de saúde.

Os relatos de violência abrangem todo o sistema de saúde, mas são mais comuns na rede pública, onde os pacientes sofrem com a precariedade do atendimento. ''Ele já chega no posto com dor e o fato de ter que esperar muito tempo por atendimento o deixa revoltado. Ele acaba partindo para casos de agressão verbal e até mesmo física'', relata o advogado do Simes, Télvio Valim.

Dados do sindicato revelam que as agressões são mais frequentes nas unidades de saúde na Serra e Cariacica. Nestes locais, a insegurança tem levado muitos médicos a pedir transferências dos postos de trabalho. Em abril deste ano, o PA de Alto Lage, em Cariacica, foi cenário de quebra-quebra e confusão durante uma semana inteira. Inconformados com o atendimento, pacientes invadiram os consultórios e ameaçaram médicos, que fecharam as portas da unidade e se esconderam dentro do banheiro.

''É uma situação que tem causado trauma em muitos colegas e eles acabam se afastando destas unidades, porque têm medo de trabalhar lá. Isso gera um outro problema, que é a falta de profissionais nestes locais'', comentou o presidente do Simes, Otto Baptista. Para evitar a exposição dos médicos a estas situações, o Simes tem recorrido ao Ministério Público, que atua cobrando medidas do município e do Estado. ''Quando estes casos chegam até nós, acionamos as secretarias de saúde para cobrar medidas que não exponham o médico a este ambiente de trabalho'', diz a promotora de Justiça Cível de Vitória, Inês Roldi.

CARTILHA


Com o aumento do número de agressões, o Simes elaborou uma cartilha orientando os médicos sobre como agir ao ser agredido. Entre as orientações, estão informar a unidade de saúde e anotar os dados do paciente. ''Os profissionais têm dificuldade em saber como proceder, muitas vezes eles têm medo e acabam relevando os xingamentos e ameaças. Eles só levam para frente quando chega a uma agressão física. Isso não pode acontecer'', frisa Valim.

AMEAÇA

''Eu estava em um hospital particular da Grande Vitória e tinha me atrasado 40 minutos. Entre os pacientes marcados, estava uma criança com os pais. Quando os chamei para a sala, a mãe já entrou gritando. Ela bateu na minha mesa, botou o dedo na minha cara e disse que queria um atestado. Eu pedi para ela se acalmar, que eu iria buscar uma água. Naquela hora, ela veio para cima de mim, puxou meu cabelo, meu óculos, me unhou. Eu não acreditava no que estava acontecendo. Pedi socorro e as pessoas vieram me ajudar. Então ela me ameaçou, disse que ia acabar comigo. Eu entrei com processo e estou aguardando na Justiça.'', afirmou médica que preferiu não ser identificada.

AGRESSÕES: Situações enfrentadas

- Pacientes armados: Pacientes chegam armados nas unidades de saúde para exigir atendimento.
- Retaliação: Por não terem recebido o atendimento que queriam, pacientes quebram vidros e destroem veículos dos profissionais.
- Ataques de gangues: Quando os pacientes atendidos nos hospitais são vítimas de confrontos do tráfico, gangues rivais invadem as unidades atirando para concluir a execução.
- Ameaças de morte: Alguns pacientes já chegaram a colocar armas em cima da mesa para exigir atestado ou atendimento médico.
- Agressão física: A insatisfação com a demora no atendimento leva pacientes a agredirem médicos com pontapés e socos.
- Quebra-quebra: Com a superlotação das unidades, pacientes se exaltam destruindo cadeiras e equipamentos nas unidades de saúde.