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ESTADO TEM OS PLANOS DE SAÚDE MAIS CAROS
29/07/2016 - 14:52

Foto: Imagem de Internet

Conforme apurou o jornal A Gazeta, o Espírito Santo tem os valores médios de plano de saúde mais caros do Sudeste. O capixaba paga mais que o paulista, o mineiro e o fluminense em todas as faixas etárias e nos três tipos de cobertura-ambulatorial; hospitalar; e ambulatorial e hospitalar. Em alguns casos, a diferença entre os Estados chega a mais de R$ 400. Um cliente que tenha 59 anos ou mais, por exemplo, que escolha a modalidade ambulatorial e hospitalar irá arcar com R$ 1.396,33 no Espírito Santo, em média.

Em São Paulo, uma pessoa com o mesmo perfil paga R$ 940, R$ 456,33 mais barato. Já um plano ambulatorial, o mais simples, para uma criança ou adolescente de 0 a 18anos, fica por R$ 150 aqui no Estado, enquanto a média no restante da região é de R$ 65. Os dados foram divulgados ontem no levantamento do Painel de Precificação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), relativos a valores de 2015.

A ANS enumerou como itens de despesa que contribuem no preço dos planos as consultas médicas, os exames complementares, as terapias, outros atendimentos ambulatoriais e despesas assistenciais. Um dos possíveis motivos para a diferença de preço do Espírito Santo com relação ao resto do Sudeste o próprio levantamento da ANS mostra: a menor oferta de planos. O Espírito Santo tem 1.335 opções nos três tipos de cobertura, o Rio de Janeiro tem 3.088, Minas Gerais possui 3.291 e São Paulo tem 5.759. Ou seja, falta concorrência por aqui.

''O mercado no Estado é dominado por poucas operadoras'', diz a professora da Ufes, especialista em gestão de saúde e mestre em saúde coletiva Paula Freitas. Ela estudou os planos de saúde em sua dissertação. '''Nos últimos tempos muitos planos passaram por intervenção da ANS e até fecharam, o que fortaleceu os poucos concorrentes'', lembra. A professora explica que há uma série de outros fatores, entretanto, que devem contribuir para essa situação.

O valor dos procedimentos médicos no Espírito Santo é um deles. ''Tem gestor de plano que prefere levar seu paciente para uma cirurgia fora do Estado porque as órteses, as próteses e outros materiais, como válvulas e equipamentos para operações em vídeo, são muito caros aqui'', destaca. Paula Freitas diz que esses materiais são importados e que no Espírito Santo costumam depender de ''atravessadores'', por isso seriam mais custosos.

PÚBLICO

A Região Metropolitana de Vitória tem 45% de cobertura de planos de saúde privados, como mostra um dado de 2015 da ANS, mas muita gente tem migrado para o Sistema Único de Saúde. E os altos valores junto à crise seriam a motivação. O secretário de saúde do Estado, Ricardo de Oliveira, diz que cerca de 30 mil pessoas deixaram a rede privada para a pública no último ano. “A renda das pessoas não está dando conta e cada vez mais gente migra. Percebemos que aumentou a demanda e acreditamos que mais pacientes devem fazer essa mudança”.

Médicos estão deixando de atender planos


A falta de disponibilidade de alguns médicos especialistas é outra questão apontada como fator para o valor mais alto dos planos de saúde no Espírito Santo. Mas o Sindicato dos Médicos do Estado (Simes) diz que não há escassez de profissionais, mas que eles estão deixando os planos de saúde. ''No Estado, o custo do serviço como um todo é mais caro. Além do material que vem de fora, há questões de mão de obra, pois há menos especialistas, como neurologistas e cardiologistas, principalmente na área de hemodinâmica'', afirma a professora da Ufes, especialista em gestão de saúde e mestre em saúde coletiva Paula Freitas.

Mas o presidente do Simes, Otto Baptista, defende que não faltam profissionais. ''Não se pode justificar o valor da tarifa com carência de especialidades. O que acontece é que os médicos deixam de atender pelos planos por conta de atrasos nos pagamentos e a remuneração ruim que é oferecida'', defende. Nos últimos cinco anos, quatro mil deixaram a rede privada, dois mil só em 2015, segundo levantamento do Simes. ''O que acontece é que esses valores (os preços dos planos) vêm de uma conta que ninguém entende'', salienta Otto.

COOPERATIVAS


Apesar de dizer que há escassez de especialistas, Paula concorda que há uma evasão não só dos profissionais, mas também das clínicas das cartas dos planos. ''Eles se fecham em cooperativas e não trabalham com tabelas usuais de valores. Aí imagina a situação, tem alguém precisando de um procedimento neurológico e no Estado só tem aquele médico específico que pode fazer. A mão de obra fica muito valorizada'', explica. Sobre as clínicas, o presidente do sindicato diz que há unidades de ponta no Estado, mas que o que os planos pagam pelos procedimentos e exames está abaixo do interesse. ''O que tem nos grandes centros, temos aqui. Mas o que o plano oferece é aquém do investido.''