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Médica é sequestrada ao estacionar na Pró-Matre
20/07/2016 - 16:57

Foto: Jornal A Tribuna

O Sindicato dos Médicos do Espírito Santo tem alertado sobre o perigo e as condições insalubres que vivem os médicos em seus locais de trabalho na Grande Vitória. Recentemente, o advogado do Simes, Dr. Télvio Valim, concedeu diversas entrevistas para emissoras de todo o Estado, evidenciando os inúmeros casos de violência contra o médico e os cuidados que devem ser tomados pelos gestores. Com toda essa violência, até mesmo a população corre perigo.

''Ninguém protege os nossos hospitais. É uma verdadeira terra sem lei. Fugas de detentos escoltados por agentes, assassinatos, resgates a criminosos são alguns dos casos que ocorrem com frequência e nenhuma providência é tomada. Claramente, isso deixa os profissionais médicos e a população à deriva.'', disse o advogado.

A fala do advogado não é uma indignação apenas com a insegurança dos médicos e da população. Valim também se mostra desapontado em relação às ações do Simes, que são, costumeiramente, ignoradas pelo legislativo e pelo executivo há anos. ''O Simes já enviou vários ofícios à Secretaria de Justiça do Estado para conversar a respeito da insegurança que sofrem os médicos, mas nunca fomos ouvidos.

Nosso projeto de botão do pânico está parado na Assembleia Legislativa até hoje, desde 2013. Então nossa luta pela segurança nos hospitais é amplamente ignorada e casos como o sequestro da ginecologista continuam acontecendo e a impunidade impera.'', finalizou o advogado do Simes. Confira abaixo a reportagem do jornal A Tribuna sobre o sequestro da médica da Pró-Matre.

Médica é sequestrada ao estacionar na Pró-Matre

Conforme noticiou o jornal A Tribuna, ''Bandido não tem cara. Ele estava bem vestido, de camisa social, calça e sapato e foi gentil cedendo a vaga do estacionamento para ela. Tudo para sequestrá-la''. O relato é de um estudante de Medicina de 24 anos, filho de uma ginecologista, 53, que foi vítima de um sequestro quando chegava ao trabalho.

O crime, que aconteceu no estacionamento da Pró-Matre, na Ilha de Santa Maria, em Vitória, às 7 horas de ontem, não foi o primeiro a acontecer com uma médica este ano. No mês passado, uma pediatra foi sequestrada também num estacionamento de hospital, só que na Serra. A ginecologista ficou duas horas em poder do criminoso e só conseguiu fugir dele na Serra.

Segundo o estudante, a mãe contou que ao chegar para trabalhar viu o homem bem vestido descer de um carro, cujo modelo ela não se recorda. ''Ele estava com outra pessoa que manobrou o carro e cedeu a vaga para minha mãe estacionar o Honda Civic dela'', falou. Em seguida, o carro deixou o estacionamento. A ginecologista estacionou e se preparava para sair do Honda Civic, quando o bandido encostou e anunciou o sequestro.

''Ele abriu a porta do motorista e a empurrou com um soco, mandando ela passar para o banco do carona'', contou o estudante. O rapaz disse que a partir daí o criminoso assumiu a direção do Honda Civic e exigiu que ela entregasse o celular para que ele desativasse o localizador do aparelho. Depois, de acordo com o relato da médica, o criminoso dirigiu até um bairro na Serra não informado, onde encontrou uma mercearia com um caixa eletrônico. Ele mandou a vítima fazer um saque, mas o caixa não estava funcionando.

Depois, seguiu até Planalto Serrano e numa farmácia exigiu novamente que ela sacasse dinheiro. Foi aí, já do lado de fora do veículo, que ela percebeu que o bandido estava distraído e aproveitou para fugir e pedir ajuda. ''Ela avisou que estava sendo sequestrada e correu para o banheiro da farmácia. Um funcionário chamou a PM, mas o bandido fugiu''. A médica foi levada pela PM a um hospital, onde encontrou com o filho. O carro foi localizado em Porto Canoa e um suspeito preso em Barcelona. Ele não foi reconhecido pelamédica. A polícia não informou se o suspeito ficou preso. O caso foi registrado na Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos.

Ataque em hospital da Serra

Um ataque semelhante aconteceu no último dia 25 de junho, no Hospital Doutor Jayme Santos Neves, no bairro Morada de Laranjeiras, na Serra. Uma médica pediatra, que dirigia um Mitsubishi ASX preto, foi abordada por um bandido ao chegar ao estacionamento da unidade de saúde. Ela foi feita refém pelo criminoso durante 40 minutos, teve de circular por ruas do município e, antes de ser libertada em Civit II, teve de sacar R$ 1.500 e entregar ao sequestrador.

A médica relatou que durante o trajeto chegou a ser agredida com tapas pelo bandido, que era moreno e forte e vestia uma camisa preta com listras cinzas, calça jeans e sapatos preto. Segundo descrição na ocorrência, ele, que não foi detido, tinha aproximadamente 1,80 metro.

Segurança na maternidade

O diretor-geral da Pró-Matre, Perácio Loras Soares, informou que a maternidade dispõe de segurança patrimonial diurno e noturno, que atua na portaria da unidade de saúde. No entanto, é recomendado a ele que, em caso de suspeita de crime, acione a Polícia Militar. Soares ressaltou que acredita que, a partir de agosto, quando a maternidade será entregue à administração da Santa Casa, a segurança deve ser reforçada.

Já a Polícia Militar informou, em nota, que rádio patrulhas realizam o policiamento ostensivo e preventivo de forma diuturna na região. Pediu que vítimas de crime acionem a PM por meio do Ciodes e registrem os fatos nas delegacias.

FILHO DA MÉDICA - ''Fiquei nervoso até ver que minha mãe estava bem''

Aliviado em saber que a mãe, uma ginecologista de 53 anos, está bem após ter sido sequestrada e ter ficado duas horas em poder do criminoso e, ao mesmo tempo, revoltado com a facilidade com a qual o bandido a rendeu no estacionamento da Pró-Matre, o estudante de Medicina, de 24 anos, conversou com a reportagem de A Tribuna e quis alertar a outros profissionais sobre a onda de sequestros em hospitais.

A TRIBUNA – Como você soube que sua mãe havia sido sequestrada?

FILHO DA MÉDICA – Estava na academia quando ela tentou me ligar para avisar que tinha sido sequestrada, mas meu telefone estava dando ''fora de área''. Aí ela ligou para minha tia, que conseguiu me avisar do ocorrido. Fiquei assustado e nervoso até ver que minha mãe estava bem.

- Como ela está agora?
Ela ainda está muito traumatizada. Ficou muito nervosa na delegacia ao ter que fazer o reconhecimento do suspeito que foi preso, com medo que tudo acontecesse novamente. Mas agora está em casa e estamos todos juntos.

- Esse suspeito tem ligação com outros crimes como este?
A polícia disse que ele seria o mesmo criminoso que sequestrou uma médica na Serra no mês passado. Ela, inclusive, esteve lá na delegacia e o reconheceu. Segundo a polícia, ele pertence a uma quadrilha especializada nesse tipo de crime em hospitais e que escolhe sempre mulheres como vítimas.